O que significa afirmar: aproximemos a revolução
José Borralho — 15 Fevereiro 2014
Lutar para aproximar a revolução significa, antes de mais, manter o sonho de centenas de milhões de explorados, excluídos, perseguidos, vivendo a angústia provocada por um sistema que é ele a própria negação de dignidade, de liberdade, de uma humanidade com futuro, com direito à esperança. Aproximar a revolução é o mesmo que dizer: aproximemos o fim da ditadura do capital e construamos um outro sistema assente na apropriação colectiva da riqueza produzida e repartida com justiça.
Qualquer plataforma política que se pretenda hoje de esquerda, não pode deixar de ter no centro das suas preocupações políticas a mudança de paradigma social como forma de resolução da crise.
São importantes as denúncias políticas da devastação que este governo e a troika levam a cabo, e combatê-la por todos os meios possíveis; mas, verdadeiramente decisivo, é colocar no centro da luta a mudança de sociedade; não basta clamar por mais democracia e por inflectir os rumos da economia se as rédeas permanecerem nas mãos dos capitalistas.
Precisamos de ter uma plataforma política comum ao proletariado, que inspire confiança na sua maioria e o ganhe para a inversão dos ciclos repetitivos: eleições/novo governo/debates no parlamento/novas eleições/novo governo/novos debates parlamentares.
Precisamos de romper este sistema eterno de escravização e acorrentamento a uma lógica que só serve aos burgueses no poder e à sua sobrevivência.
Essa plataforma política tem que ter dois considerandos elementares:
Primeiro, que a crise capitalista se agrava e que centenas de milhões antevêem a miséria e a exclusão.
Segundo, que o regime actual se revela historicamente esgotado, bem como o seu modo de produção — o capitalismo.
Cabe à esquerda colocar no centro da sua luta a denúncia e o combate ao sistema capitalista, e aproximar um novo sistema de sociedade sem exploração nem crises.
São estes os pontos de interesse comum para o proletariado, numa perspectiva de esquerda:
1 – Desenvolver e participar na luta pelo derrube do governo e pelo fim da política de austeridade.
2 – Pleno emprego para toda a população trabalhadora, desempregada, e para aqueles que acedem ao mercado de trabalho, através da redução do horário de trabalho e da repartição do trabalho existente por todos.
3 – Criação de um fundo de solidariedade que garanta um rendimento mínimo a todos os desempregados.
4 – Suspender o pagamento da dívida, suspender o pagamento das PPP e de todas as rendas do Estado ao capital.
5 – Taxar o capital: os seus lucros, as suas fortunas os seus luxos, as suas heranças, cortar nas mordomias e nos altos salários dos administradores e afins.
6 – Proceder de imediato à expropriação das fortunas dos delinquentes do BPN, BPP e de outros criminosos que têm lesado o Estado.
Importa unir todos os que estiverem por este caminho de luta, numa lógica de frente unida pela base que eleve a combatividade dos trabalhadores, mantendo cada grupo ou partido a sua independência eleitoral.
Qualquer governo de esquerda a apoiar terá de sair de um processo de avanço da luta popular com vista à tomada do poder pelas massas trabalhadoras.
Comentários dos leitores
•João Medeiros 16/2/2014, 11:46
SALTAR PARA FORA DO REGIME!
Por uma alternativa comunista. No meio não há nada.
Para construir uma alternativa revolucionária, precisamos acima de tudo, no actual momento, de um deslocamento do eixo das lutas do terreno parlamentar para o terreno extraparlamentar. Concretizar esta alternativa supõe fazer-se o que nenhuma organização existente – que se reclame do proletariado – o faz: SALTAR PARA FORA DO REGIME. Isso implica, julgo eu, um corte com a “ordem democrática” do capital, base ideológica da frente imperialista, rectaguarda imprescindível nas “aventuras” de rapina do grande capital financeiro euro-americano.
•João Medeiros 16/2/2014, 12:00
No actual quadro de crise sistémica do capitalismo, se o movimento operário conseguir gerar na luta uma direcção revolucionária, a reivindicação "30 horas de trabalho - trabalhemos todos, não ao desemprego" levada adiante representaria o colapso do sistema.