Passos Coelho reage a chumbo do Constitucional
Uma comunicação cínica, vigarista e revanchista
Pedro Goulart — 9 Abril 2013
O chumbo do Tribunal Constitucional (TC) a alguns dos mais penalizantes artigos do Orçamento de Estado para 2013 gerou reacções indignadas de dirigentes do PSD e do CDS, de vários abutres do capital, nomeadamente Eduardo Catroga e Vítor Bento, de alguns assalariados do patronato nos media, assim como uma “resposta” cínica, vigarista e revanchista de Passos Coelho na comunicação social. O primeiro-ministro, armando-se em vítima e transformando o TC em bode expiatório da sua nefasta política, aproveitou a oportunidade para ameaçar com mais e pesados cortes nas áreas que desde o início do seu mandato sempre pretendeu atacar: Saúde, Educação, Segurança Social e empresas públicas. Mas Passos Coelho não referiu a necessidade de cortes significativos noutras áreas como a Defesa, Segurança/polícias ou nos gastos com a Dívida. Porque será?
Cruzando a “resposta” de Passos Coelho com o relatório do FMI/Governo, e admitindo que não se verifique uma suficiente oposição radical e de massas a esta política, são de prever a curto e médio prazo a aceleração dos despedimentos na função pública, a redução das pensões, uma subida das propinas no ensino superior, o aumento das taxas moderadoras e a diminuição nas comparticipações dos medicamentos, entre outras malfeitorias.
Um governo que não acerta com os multiplicadores da economia (vejam-se as diversas previsões falhadas e a surpresa dos governantes pelos nefastos resultados da sua política), que encerra milhares de empresas e despede centenas de milhares de trabalhadores, que vive em constante conflito com o quadro constitucional do País (apresentando Orçamentos previsivelmente inconstitucionais), um governo destes nem para a pequena e média burguesias se revela útil.
Para os trabalhadores assalariados, não pode haver qualquer dúvida: trata-se de um perigoso inimigo, que urge abater. Mas que não haja ilusões sobre algumas “alternativas” que por aí pululam, nomeadamente a protagonizada pelo PS. Já sabemos muito bem o que significam. Numa perspectiva proletária, e como se afirmava no documento Enfrentar a crise, lutar pelo socialismo, recentemente publicado no MV, no momento actual “ Colocar a luta de classes no centro da acção, contrapondo os interesses próprios dos trabalhadores aos interesses da burguesia capitalista, é o factor indispensável para estimular e dar rumo à resistência de massas”.