Grassa a corrupção no Estado espanhol

Pedro Goulart — 4 Fevereiro 2013

Os últimos dados sobre a corrupção nas cúpulas do Partido Popular (PP), no poder, assim como sobre a monarquia espanhola, são bem significativos do grau de apodrecimento a que chegou o Estado espanhol. A corrupção é um facto inerente ao capitalismo, mas não podemos deixar de denunciá-la, por uma questão ética e como combate político.
Um jornal do regime espanhol, “El País”, divulgou agora documentos de Luis Bárcenas (ex-tesoureiro do PP), que mostram pagamentos regulares aos principais dirigentes do partido entre 1990 e 2009 e referem doações de alguns dos principais empresários espanhóis, fundamentalmente do sector da construção. Nesses documentos da contabilidade oculta do PP são referidos, além de outros, os nomes do actual presidente do partido (e chefe do Governo espanhol), Mariano Rajoy, assim como da secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, a quem foram efectuados pagamentos periódicos.

No caso de Mariano Rajoy, os documentos mostram pagamentos de 25.200 euros anuais, durante 11 anos. Também se referem aí pagamentos a J. M., provavelmente José Maria Aznar, ex-presidente do Governo espanhol.

A informação agora divulgada por “El País”, surge na sequência do conhecimento de que Bárcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça, fundos que foram transferidos para outras contas em 2009, depois de Bárcenas aparecer envolvido, como arguido, no conhecido caso Gurtel.

Por outro lado, a Infanta Cristina, uma das filhas do rei de Espanha, casada com Iñaki Urdangarín, parece estar envolvida nas actividades do marido, que contratou de forma ilegal trabalhadores domésticos para a sua casa em Barcelona através da empresa que mantinha com Cristina, fugindo, assim, aos impostos e evitando pagar 240 mil euros. Aliás, esta empresa, a Aizoon, dedicava-se sobretudo a negócios imobiliários e beneficiou do dinheiro angariado através da Fundação Nóos. Esta sociedade de promoção de desporto, dita sem fins lucrativos, fundada e dirigida por Urdangarín e Diego Torres, conseguiu contratos nas Ilhas Baleares e junto de governos regionais do PP, aumentando o preço dos contratos e inventando despesas. 
 
Assim se vão governando as classes dominantes no Estado espanhol. E, por cá, são também numerosos os elementos das cúpulas dos partidos do chamado arco governativo – PSD, PS e CDS – que se têm locupletado através da corrupção.

A título de exemplo, lembremos os casos dos submarinos, do abate ilegal dos sobreiros, do BPN e do BPP. Mas, tanto em Espanha como em Portugal, ao cabo de anos de “investigações”, são poucas as vezes que se chega a alguma condenação que se veja, pois a justiça de classe raramente os atinge. Para os ricos e poderosos é assim!


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