Cuidado com os colaboradores da GNR!
Pedro Goulart — 18 Janeiro 2013
“A GNR está a dar formação a civis para que sirvam de interlocutores junto da população. De norte a sul do país já foram formadas cerca de 1700 pessoas, autarcas, padres, agentes de IPSS, que junto das populações vão ajudar a promover acções de sensibilização e prevenção das forças policiais”. Esta informação resulta de recentes declarações do chefe da repartição de programas especiais da GNR, o major Fonseca, à Antena 1. No dizer do major Fonseca, trata-se de uma relação biunívoca entre a GNR e as populações, considerando que os colaboradores locais também fornecerão às forças policiais “informação privilegiada sobre o que se passa nas suas comunidades”.
Posteriormente, outro responsável da GNR, o major Gonçalo Carvalho, afirmou que “não estamos a formar pessoas para denunciar”, mas procurando alertar os cidadãos para os crimes mais comuns nos locais. Pela discrepância das declarações destes dois responsáveis da GNR, nota-se que há, aparentemente, diferentes visões do problema. Mas, no actual contexto social e conhecendo as normais funções das polícias, o mais provável é que o objectivo principal acabe por se traduzir em bufaria a favor desta força repressiva do aparelho de estado.
Muitos portugueses já ouviram falar ou ainda se recordam certamente do papel desempenhado pelos bufos da PIDE e da Legião durante o fascismo. Contudo, apesar do acontecido durante décadas em Portugal, nunca faltam uns “bem intencionados”, sempre dispostos a “esquecer”, sempre dispostos a alguma promiscuidade, colaborando com as forças policiais. E, geralmente, arranjando algumas justificações como dizer que a situação actual é diferente do antigamente, que vivemos em “democracia”, … blablabla.
Esta visão sobre a rede de colaboradores da GNR é perfeitamente verosímil. Pois radica também em diversos dados como os que nos dão conta da introdução de provocadores policiais nas últimas manifestações, da existência de dezenas de analistas do SIS a avaliar em permanência o que se passa nas manifestações e nas organizações políticas e sindicais, assim como no verificado aumento do orçamento do Ministério da Administração Interna, um dos poucos que cresceram (o governo sabe que é preciso pagar bem às forças policiais – GNR, PSP, SIS – para protegerem os donos do capital e os seus homens de mão. Além do mais, no actual contexto social, muitas terão de ser as acções repressivas a levar a cabo nos próximos tempos, para que as classes dominantes consigam impor as medidas terroristas que a troika e o governo de Passos Coelho pretendem aplicar em Portugal.
Comentários dos leitores
•Toino 30/1/2013, 14:56
Mais uns elementos PIDESCOS por este Portugal fora!