Luta de classes no estado espanhol

Carlos Completo — 24 Maio 2012

Como afirmou a conhecida escritora e jornalista Rosa Montero, a propósito da “crise” que se aprofunda no estado Espanhol, as pessoas estão desesperadas, desoladas e angustiadas com a avalanche de desgraças que lhe estão caindo em cima. Não admira, pois, que as pessoas muito justamente reajam e que, no 1.º aniversário do 15 M (o movimento dos Indignados), várias manifestações tenham sido levadas a cabo no estado vizinho, com eco em oitenta cidades, das quais destacamos os exemplos de Barcelona e Madrid.

Numa Catalunha que enfrenta a segunda recessão em quatro anos, com as barracas a ressuscitar e a sopa dos pobres em crescendo, os Mossos d´Esquadra (a força policial do Estado espanhol na Catalunha) desalojaram, na noite de 16 para 17 de Maio, cerca de cem pessoas acampadas e em protesto na sede de La Caixa da avenida Diagonal, em Barcelona. Aqui, tratou-se de uma ocupação e de um desalojamento pacíficos.

No dia 12, em Madrid, milhares de pessoas tinham-se já manifestado com o objectivo de assinalar o primeiro aniversário da mobilização que ficou conhecida como movimento dos Indignados. A Porta do Sol voltou a encher-se, numa contestação ao capital financeiro e às desigualdades sociais.

“Estão a aproveitar a conjuntura para desmantelar todos os serviços públicos, para
precarizar o trabalho, para fazer tudo o que queriam fazer e têm agora condições para isso. Pensamos que toda a gente tem que revoltar-se”, afirmaram os manifestantes.

O objectivo era permanecer até ao dia 15 de Maio, data em que começou o protesto contra o sistema no ano passado, mas a polícia, como de costume, acabou por impor a ordem das classes dominantes.

Lembramos que os Indignados de Espanha foram uma fonte de inspiração para movimentos similares em toda a Europa e para o “Occupy Wall Street” nos Estados Unidos.

Entretanto, no dia 22 de Maio, milhares de professores e milhões de alunos estiveram
em greve, manifestando-se por todo o estado espanhol contra os planos do governo do capital, que visam reduzir em 3.000 milhões de euros as despesas orçamentais com a educação. Esta movimentação, convocada pelos vários sindicatos do sector do ensino, além da elevada adesão obtida, traduziu-se no encerramento de numerosas escolas e universidades, assim como em diversas manifestações de rua, particularmente em Madrid e Barcelona. Julgamos também dever destacar algumas formas de luta avançadas (não tradicionais) adoptadas pelos manifestantes: corte de vias de acesso a escolas e universidades, assim como a sabotagem das fechaduras das respectivas escolas.


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