A Maçonaria, hoje

Carlos Completo — 21 Janeiro 2012

alojamozart_henriquemonteiro_72.jpgO forte alarido sobre a Maçonaria que surgiu nas últimas semanas corresponde, como alguns outros alaridos, apenas à espuma que circula à superfície de uma guerra de profundidade entre grupos económicos, em articulação com a grande onda de crise que varre hoje o capitalismo. As questões de fundo, a colocação em causa do próprio sistema, não estão em debate nos média. Não é para isso que os patrões pagam aos jornalistas e aos analistas de serviço.

Longe vão os tempos de alguns valores que enformavam e dos riscos que corriam muitos dos que pertenciam à Maçonaria. Actualmente, na Maçonaria, como na Opus Dei, no grupo Bildeberg, na Trilateral, como em outros clubes do género, o que essencialmente está em causa é a defesa do capitalismo, de diversos grupos económicos ou dos interesses de um conjunto de “irmãos”. Aí se acoitam muitos – basta ver os nomes e os interesses que defendem – dos mais encarniçados inimigos das classes trabalhadoras.

O papel da Loja Mozart, envolvendo gente da Ongoing, dos Serviços Secretos e do PSD (os do PS andam por outras lojas), em guerra feroz contra a Impresa, de Pinto Balsemão, e amplamente divulgado a partir de informações vindas a lume no Expresso, do próprio Balsemão, tornou-se, entre nós, no mais badalado caso da Maçonaria nos últimos tempos. Quem conheça os meandros destas lojas, assim como a identidade de alguns dos seus membros, sabe como muita da gente que por lá anda não se move por outros valores que não sejam os da defesa dos seus interesses pessoais ou de grupo.

Não nos deixemos distrair dos problemas essenciais. Sendo importante que venham a lume este tipo de informações e se denunciem as relações de interesses subjacentes, há, contudo, que dar-lhes apenas o valor que realmente têm – serem geralmente guerras no interior do sistema, com vista ao domínio do poder económico e político.


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