As revelações da WikiLeaks e a luta anti–imperialista
Pedro Goulart — 8 Dezembro 2010
Parte substancial das informações divulgadas pela WikiLeaks nos últimos meses têm sido de grande utilidade na demonstração da mentira, da hipocrisia e dos crimes com que diariamente vivemos num mundo dominado pela ordem capitalista e os seus media. Assim como ajudam a mostrar a falsidade das suas democracias, ajudando-nos a melhor interpretar diversos acontecimentos e fundamentar acusações contra os políticos que representam a actual ordem burguesa. São numerosos os crimes cometidos por essa gente, como os perpetrados nas guerras do Iraque e do Afeganistão. E é um dos nossos papéis evitar o silenciamento de tais crimes.
Os dados mais recentemente divulgados pela WikiLeaks, que dizem respeito a documentos diplomáticos confidenciais, revelam a existência de espionagem económica, política e militar praticada pelos EUA, mesmo em relação aos seus aliados, assim como a prepotência e o desprezo com que esta potência imperialista trata os seus amigos. A “democrata” Hillary Clinton, que mandou espiar Ba ki- moon, Secretário Geral das Nações Unidas, não fica nada bem na fotografia. Também, em Portugal, Luís Amado e o governo de José Sócrates são uma vez mais apanhados a mentir sobre a utilização do espaço aéreo português pelos aviões da CIA – que transportavam detidos ilegais – contribuindo tais documentos, ainda, para fundamentar a cumplicidade dos governantes portugueses com numerosos crimes de guerra.
Preocupados com as consequências de um melhor conhecimento público dos seus actos criminosos, os dirigentes imperialistas viram-se obrigados a desenvolver uma “onda de indignação”, que vem percorrendo os meios burgueses do ocidente. Isto, a par da perseguição jurídico/policial que, com pretextos esfarrapados de violação sexual (quanto pagou a CIA pelo negócio?), já haviam desencadeado contra Julian Assange. Campanha que diversos sustentáculos do império, como a Amazon e alguns meios financeiros, vêm continuando contra a WikiLeaks.
Assim, nos EUA, republicanos como Mike Huckabee, incitam ao assassinato de Assange, fundador da WikiLeaks. Outros (dentro e fora dos EUA) pretendem a declaração da WikiLeaks como “organização terrorista”. Em Portugal, dados os “brandos costumes”, os detractores da Organização não vão tão longe: vozes do dono, como Teresa de Sousa ou Fernanda Câncio, procuram desvalorizar as revelações da WikiLeaks, questionando a legitimidade da recolha destes documentos e considerando-a uma operação anti – americana. O diplomata José Cutileiro, “preocupado” com aquilo a que chama roubo de documentos, escreve um artigo mais refinado sobre o assunto, embora à medida do seu habitual reaccionarismo. E Esther Mucznik, acérrima defensora do estado terrorista de Israel, condena violentamente Julian Assange, chamando-lhe mercenário e bandido.
Uns e outros críticos, cá dentro e lá fora, apesar de defenderem os interesses das classes dominantes, não têm sido capazes de pôr em causa o essencial – a fiabilidade dos documentos divulgados e a veracidade dos factos, vários deles já conhecidos, mas que agora se viram confirmados através de mais detalhes.
Que cresçam e floresçam muitas WikiLeaks!
Comentários dos leitores
•António José R da Costa 8/12/2010, 21:40
A liberdade de imprensa, de informar e ser informado, não passa de uma mentira. Quando alguém ousa exercer esse direito, é considerado terrorista e, engendram processos para o silenciar.
Vai sendo tempo de dizer basta, calar é colaborar. Libertemo-nos da mordaça com que nos têm amedrontado e aprisionado.