Sair do beco

23 Novembro 2010

O movimento para a greve geral de 24 de Novembro ganha peso, com greves parciais e adesões de diversos sectores. Pode vir a ser o maior protesto de sempre. Mas é preciso dizer que a falta de resultados práticos dos inúmeros protestos já realizados desmoraliza muitos trabalhadores, que não vêem o rumo político do país mudar. O que tem faltado às múltiplas greves e manifestações não tem sido a força para reclamar mudanças políticas – tem sido a força para as impor.

Os trabalhadores parecem, assim, prisioneiros de uma alternativa sem saída: um PS que já mostrou o que pode fazer pelo patronato, mas que ensaia agora uma máscara “de esquerda” diante das propostas radicais do PSD; e um PSD mensageiro declarado de políticas que visam sem rebuço o empobrecimento dos assalariados.
Este ciclo vicioso só existe enquanto não houver força da parte dos trabalhadores para recusarem pagar a crise e oporem-se de forma maciça às imposições patronais. É para começar a criar esta força que a greve geral será importante.

O que pode mobilizar e libertar forças dos trabalhadores? Objectivos de luta que os façam sair do beco: enfrentar os patrões nas empresas por todos os meios, recusar as medidas de empobrecimento, rejeitar a mentira da “repartição de sacrifícios”, não esperar que o Estado os defenda, acreditar que a equidade e a justiça só podem ser alcançadas se a exploração capitalista for ela mesma posta em causa. Aí sim, libertar-se-ão forças que agora estão contidas e sem as quais não há saída.

Os trabalhadores verão a inutilidade (para além da injustiça) dos sacrifícios que lhes são impostos – e recusá-los-ão – desde que tomem consciência de que esta crise é um sinal da falência do próprio capitalismo. E que, portanto, não têm nada a esperar do sistema que os governa. É por essa via que serão reunidas as forças sociais capazes de impor um outro rumo político ao país.


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