País Basco: a paz é possível

Carlos Completo — 9 Setembro 2010

ezkerabertzalea.jpg O recente anúncio de cessar-fogo efectuado pela organização independentista basca ETA provocou reacções positivas em vários sectores da opinião pública e fez renascer a esperança de uma solução progressista e de futuro para o País Basco.
De destacar a reacção da Esquerda Abertzale (EA – esquerda independentista do País Basco), que considerou a decisão unilateral da ETA, de continuar por tempo indefinido e sem condições a paragem das suas acções armadas, como uma contribuição de valor inquestionável para a instauração da paz e a consolidação de um processo democrático, como enquadramento imprescindível à abordagem de espaços de diálogo e negociação com vista à resolução definitiva do conflito. E que, em conjunto com o debate e as conclusões de carácter estratégico adoptadas pela EA nos últimos meses, e já plasmadas em documento, se traduzem na abertura de portas a um cenário que permite a superação definitiva da actual realidade de bloqueio, violência, repressão e espezinhamento massivo dos direitos democráticos e nacionais.

Igualmente, digna de referência positiva, a declaração do importante sindicato LAB, que considerou que o que a ETA deu a conhecer constitui “em si mesma um passo importante e positivo na abertura de um novo panorama político em Euskal Herria”, expressou o sindicato LAB.

De entre as várias reacções mundiais, destacamos:

– O perito mediador de conflitos sul-africano Brian Currin avaliou “a magnitude” e “a importância histórica” da declaração da ETA, tendo sublinhado que esta assenta no facto de que a sua decisão de não levar a cabo acções armadas “é incondicional e unilateral”, e de que a decisão é “uma resposta e uma consequência da liderança política da esquerda abertzale e da vontade expressa pelo povo basco”.

– O presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, saudou a declaração efectuada pela ETA e destacou que “tem potencial para pôr um fim definitivo” ao conflito em Euskal Herria. Pediu, também, ao Governo espanhol que dê “uma resposta positiva”.

Mas, e apesar da própria Comissão Europeia também considerar que a declaração da ETA oferece, como no passado, “razões para a esperança”, e afirmar que irá seguir “de perto” os acontecimentos, o governo espanhol e os partidos espanholistas, particularmente o PSOE e o PP, parecem querer prosseguir na sua prática repressiva e desrespeitadora dos direitos humanos, continuando alheios ao que de realmente novo se está a passar no País Basco.

As dificuldades de uma saída negociada não serão pequenas, uma vez que está em causa o direito à autodeterminação do povo basco. Mas temos esperança de que a sua luta, aliada à das forças progressistas do estado espanhol e à opinião pública mundial, consiga impor a tão necessária saída de paz e progresso para o País Basco.


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