Há trabalho e trabalho, há sindicatos e sindicatos
Como o governo atendeu, de corrida, reclamações dos sindicatos das policias antes da manifestação de 29 de Maio
Urbano de Campos — 14 Junho 2010
Duas semanas antes da manifestação de 29 de Maio, os dirigentes sindicais da polícia e da GNR (Sinapol, SPP e ASPP) vieram a público protestar contra as limitações impostas pelo governo aos ingressos de novos efectivos, às aposentações, às progressões nas carreiras, aos aumentos de vencimentos, etc, ditadas pelo apertão de cinto acertado entre PS e PSD. Argumentaram que destes bloqueios poderiam resultar “sérios problemas” no domínio da “segurança”. Dizendo que há “revolta na PSP”, o dirigente da ASPP Paulo Rodrigues lançou mesmo um trunfo mortífero: “Como é que no futuro se vai dizer a um polícia para reprimir alguém que protesta pelos motivos que levam os próprios polícias a sentirem-se revoltados e injustiçados?” (Público, 15 de Maio).
As acutilantes palavras de Paulo Rodrigues permitem-nos compreender três coisas. Uma, o digno dirigente sindical antevê, “no futuro”, que os trabalhadores que protestem por se sentirem ”revoltados e injustiçados” possam ser reprimidos por isso mesmo. Duas, o senhor Paulo Rodrigues vê nesses protestos um “problema de segurança”. Três, contra isso, o dirigente da ASPP quer uma polícia apta a cumprir o seu “trabalho” – isto é, reprimir – e para isso a polícia não pode ser posta nas condições em que estão os trabalhadores, os pensionistas, os desempregados, os pobres. Cristalino.
Ninguém que estivesse atento aos protestos dos sindicatos policiais e a estas declarações deixaria escapar o seu significado, para mais 15 dias antes da que já se previa vir a ser uma manifestação de gente “revoltada e injustiçada”.
Estiveram de facto atentos e agiram rapidamente o governo e as chefias das forças policiais. Na semana seguinte, mais precisamente no dia 21, os ministérios da Administração Interna e das Finanças arranjaram imediatamente maneira de atender as reclamações, desbloqueando verbas, progressões nas carreiras, etc. A decisão foi comunicada pelo secretário de Estado da Administração Interna que teve a atenção de convocar para o efeito os sindicatos das polícias. Tratamento VIP, portanto.
Concretamente, foram aprovadas graduações de 73 oficiais que já tinham sido decididas pela direcção nacional da PSP (custo: um milhão de euros) e prometido o mesmo tratamento para graduações de não oficiais. Foram ainda desbloqueadas as verbas necessárias para quatro concursos (103 vagas) de promoção de oficiais e de dois concursos (938 vagas) de agentes e chefes (Diário de Notícias, 22 de Maio).
Corrigido o lapso do governo de tratar as polícias pela bitola usada para os trabalhadores, temos pois as forças da ordem moralmente aptas para as suas funções – entre outras, “reprimir alguém que proteste por se sentir revoltado e injustiçado”. Assim tudo fica claro como água. E o dirigente sindical Paulo Rodrigues tem menos uma preocupação.
Comentários dos leitores
•marques 15/6/2010, 16:22
Claro, este senhor anda nas manifs. da inter a protestar ao lado dos outros trabalhadores mas se for preciso os mesmos que lutam ao dos trabalhadores pegam no cacetete e toca de aviar os trabalhadores que estão ao seu lado.
O governo sabe que a polícia é seu aliado para implementar planos de austuridade e conta com eles para reprimir os trabalhadores, desempregados, pobres, etc se caso disso e por isso, não pode haver descontamento na policia para levar avante a sua politica contra os trabalhadores e claro defender o Capital.
•A CHISPA ! 17/6/2010, 22:20
Esse tipo de afirmações e outras a exigir mais meios para o melhor desempenho do serviço,ou seja,para garantir a ordem burguesa e reprimir quem a ela se oponha,não vem apenas desse "dirigente sindical" mas de todos os outros,das várias associações sindicais da policia.Basta estar com atenção para se verificar isso mesmo.
De lamentar é também o facto,de estas associações sindicais participarem nas manifestações convocadas pela CGTP,para exigirem esse tipo de reivindicações e por parte dos dirigentes sindicais da CGTP, nunca ter havido qualquer tipo de oposição a sua participação nessas manifestações,ou mesmo qualquer critica a essas posições reacçionárias e anti-operárias.
"achispavermelha.blogspot.com"
A CHISPA!
•A CHISPA ! 19/6/2010, 12:02
Ainda sobre este texto,e depois das afirmações proferidas pelo dito "dirigente" sindical, é as posições dos partidos da esquerda parlamentar, proferidas ontem 18 de junho em sede parlamentar,onde se rasgam de elogios favoráveis à policia, e criticando o governo por este tratar estes "trabalhadores" sem o MINIMO de consideração e falta de respeito pelo serviço exemplar por estes prestado à sociedade.
Ou seja,as suas intervenções estiveram ao nível das intervenções dos partidos mais reacçionários do quadro parlamentar.
Consultem o Diário da Républica de 18 de Junho e vejam até que ponto estes partidos,mistificam o papel REPRESSIVO das policias, na defesa da burguesia e da propriedade privada,com a defesa da segurança das populações.
"achispavermelha.blogspot.com"
A CHISPA!
•Ismael Pires 20/6/2010, 21:59
O Caruncho é o título de uma crónica publicado no jornal gratuito «Destak» de sexta-feira 18 de Junho e assinada por Pio de Abreu, psiquiatra e professor universitário. Mas afinal o que é o caruncho para Pio de Abreu? Nada mais nada menos que os funcionários públicos que defendem os seus direitos. Escreve ele sem tirar nem pôr «que o caruncho acantonou-se no aparelho de Estado e nas empresas públicas não produtivas há 36 anos e infiltrou-se em todos os lugares onde pudesse manter os seus direitos (onde fosse o estado a pagar os vencimentos), embora tivesse apenas o direito de carunchar» (sic).
Depois vai dando os exemplos do que para ele é carunchar: uns dias param as bilheteiras dos comboios, na semana seguinte falham os revisores e na outra os maquinistas. Se houver aviões no ar pára o pessoal de terra e segue por aí fora com os exemplos atacando lutas como as dos enfermeiros. Termina, para não deixar lugar a dúvidas, com a verdadeira definição de caruncho ou seja quaisquer outros funcionários em greve.
Será que Pio de Abreu prefere o mundo dos bichos-carpinteiros em que se está a tornar o mercado de trabalho? Será que prefere a precariedade, o trabalho temporário e sem direitos onde nenhuma greve se pode fazer porque olho da rua é o destino certo? Será que prefere ver, como já se vê, os mais jovens e não só, também os desempregados que aceitam qualquer trabalho, transformados em bichos-carpinteiros das empresas num constante frenesim. Sem estabilidade, sem horários, numa lufa-lufa constante e saltitante de trabalho em trabalho, de tarefa em tarefa e de contrato em contrato com longos períodos de inactividade pelo meio porque é difícil encontrar emprego.
Ou advogará o retorno ao mercado de trabalho do século XIX? Onde o patrão contratava ao dia, escolhia como lhe apetecia e fazia o preço que lhe convinha? É esse o rumo que nos querem impor. E é contra esse rumo que hoje milhares de trabalhadores lutam em todo o mundo. É pena que Pio de Abreu não perceba isto.
•silva 26/3/2012, 11:12
A DGERT tem por missão apoiar a concepção das políticas relativas ao emprego e formação profissional e às relações profissionais, incluindo as condições de trabalho e de segurança saúde e bem-estar no trabalho, cabendo-lhe ainda o acompanhamento e fomento da contratação colectiva e da prevenção de conflitos colectivos de trabalho e promover a acreditação das entidades formadoras.
Tudo uma grande mentira, as provas são dadas com o despedimento colectivo de 112 pessoas do CASINO ESTORIL
“Para Os Trabalhadores da empresa casino estoril no final se fará justiça, reconhecendo a insustentabilidade de um despedimento Colectivo oportunista promovido por uma empresa que, para além do incumprimento de diversas disposições legais, apresenta elevados lucros e que declara querer substituir os trabalhadores que despede por outros contratados em regime de outsoursing”.
Quem Investiga esta Corrupção! Os bares das salas de jogo foram concessionados a um Director da empresa, que colocou um testa de ferro(EX EMPREGADO DA EMPRESA) a geri-los.
O Tamariz e a discoteca Jézebel foram entregues á companheira do sr Dr Assis. O Du art Louge, vai brevemente passar para as mãos do genro do sr Dr Assis, mas como o genro é assessor da Administração, vai mais um "testa de Ferro" (desta vez é um cunhado do Dr Assis) gerir o espaço. Depois anda por lá um ex secretário de estado a receber um vencimento na ordem dos 18 mil euros mês, a fazer algo que ninguem ainda entendeu, chamam-lhe director Geral... lol. O Casino Estoril transformou-se num Cartel. O pudor e a vergonha desapareceram, aquilo é um espaço a saque. A BANDIDAGEM E A GATUNAGEM por ali é pura e dura. Investigar? Toda a gente sabe o que se passa. Vivemos é num País de faz de conta, onde se despedem 112 pessoas honestas e cumpridoras, para que estes parasitas continuem o seu saque.