NATO, guerras e gastos com a Defesa
18 Maio 2010
Na Universidade Lusófona, em Lisboa, efectuou-se no dia 17 de Maio um debate promovido pelo semanário Le Monde Diplomatique, a propósito da próxima cimeira da NATO, que se realiza em Novembro, em Portugal. Intervieram António Almeida Tomé, militar e professor da UL, António Filipe, deputado do PCP, Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP e o general Pedro Pezarat Correia, na qualidade de membros da mesa, além de alguns elementos da assistência.
O único membro da mesa que explicou de um ponto de vista institucional e defendeu abertamente a NATO foi Almeida Tomé. António Filipe, do PCP, manifestou uma posição oposta à de Almeida Tomé, salientando que os EUA tem utilizado a NATO na defesa dos seus interesses. Pezarat Correia, que criticou as intervenções militares da Nato, referiu, ainda, a revisão do Conceito Estratégico da Aliança, que será debatida na próxima Cimeira de Lisboa. Carvalho da Silva, afirmou que a sua posição coincidia com a da CGTP, isto é, defende a dissolução desta aliança político-militar. O dirigente da CGTP salientou, ainda, a propósito dos problemas de segurança, que a actual e enorme precariedade do trabalho é uma causa fundamental da grande insegurança que se vive nas sociedades actuais.
Vítor Lima, elemento da assistência, denunciou, bem documentado, a utilização da NATO pelos EUA, com o objectivo (há anos programado) de garantir os recursos energéticos de que esta potência imperialista necessita.
Entretanto, num comunicado distribuído aos participantes da reunião, a Plataforma Anti-guerra Anti-Nato (PAGAN) salienta que, em 2010, os programas orçamentais do governo português incluem 2 412 milhões de euros com a defesa, o que representa o valor necessário para a construção de 536 centros de saúde ou a manutenção de 360.
O comunicado acrescenta ainda que, enquanto a despesa pública prevista para o ano em curso (serviços integrados e autónomos) decresce 4,8%, os gastos com a defesa sofrem um aumento de 15,8%.
Diz por fim o texto que o escabroso processo dos submarinos – perfeitamente inúteis do ponto de vista social – tem uma dimensão que constitui uma afronta para todos. Com efeito, cada submarino custa 500 milhões de euros, equivalendo a metade dos abonos de família pagos em 2009; ou ao apoio aos 539 mil beneficiários de Rendimento Social de Inserção; ou ao rendimento anual de 75 188 trabalhadores com o salário mínimo; ou à despesa com 673 mil beneficiários da ADSE; ou a 20% da despesa anual em investimento e desenvolvimento; ou ainda à manutenção de 150 mil alunos do ensino público.