A Swift trabalha de espia para os EUA

Manuel Raposo — 9 Maio 2010

olhoespiao.jpgÀ conta da “ameaça terrorista”, os EUA vasculham, diariamente, 15 milhões de transacções bancárias feitas por cidadãos em 8 mil bancos de todo o mundo. Os dados são geridos pela empresa Swift e incluem os nomes das pessoas (emissários e destinatários) e os comentários escritos que eventualmente acompanhem as transacções. A Swift é uma empresa privada com sede na Bélgica e uma sucursal nos EUA.

No passado dia 1 de Fevereiro entrou em vigor um acordo entre os EUA e a União Europeia que renova o acesso das autoridades norte-americanas a dados sobre transacções bancárias dos cidadãos europeus. Tal acesso tinha já sido permitido, temporariamente, pelas autoridades europeias que cederam às pressões feitas pelos norte-americanos, na sequência dos atentados de 2001, usando como pretexto o combate às fontes de financiamento do “terrorismo”.

O acordo foi firmado pelos governos dos 27 países membros, com o apoio da Comissão Europeia (do dr. Durão Barroso) no dia 30 de Novembro do ano passado – precisamente na véspera de entrar em vigor o Tratado de Lisboa.

Este facto levantou protestos entre os deputados do Parlamento Europeu uma vez que o dito Tratado confere mais poderes que anteriormente ao Parlamento em matéria de defesa da privacidade dos cidadãos. E estando obviamente em causa essa privacidade, não admira que alguns deputados pedissem um adiamento da decisão para que o assunto fosse devidamente discutido em sede própria.

Mas nada feito: apesar de o adiamento proposto pelos parlamentares europeus ser de apenas nove dias, tanto os governos como a Comissão rejeitaram o adiamento com receio de um voto negativo no Parlamento.

Um exemplo mais da democracia que vigora na União Europeia, mesmo entre os órgãos que a constituem.


Comentários dos leitores

catarina 19/5/2010, 6:09

Sem qualquer do juízo de valor da minha parte, qual é a distinção entre o levantamento do sigilo bancário para efeito de impostos e o levantamento do anonimato e destino das transferências bancárias? qual o argumento que leva a defender uma e não outra?

carlos silva 24/6/2010, 0:04

Permito-me um aviso à navegação: 1- Eis aqui mais uma demonstração do pouco que representa politicamente a Europa como UNIÃO de Estados.
2- Economicamente como simples leigo na matéria desejaria (mau sinal..)que os gurus no tema me convencessem de que estou equivocado se disser que é uma enorme fraude; basta ver as relações inter-estados para percebermos como a lei do mais forte não só dá lugar á patente des-união como a aprofunda cada vez mais tornando-a irreversíve.Dentro em pouco um bom número de estados estarão em situação subsidiária de uns outros (poucos).Isto faz-me lembrar a eis jugoslavia onde a influencia de estados europeus criando desníveis economicos brutais deu a guerra que deu...


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