Novo impulso na luta contra a guerra?

MV/A.N.S.W.E.R. — 3 Maio 2010

euamanif20march1_web.jpgNo dia em que se completaram sete anos sobre a invasão do Iraque (20 de Março), milhares de pessoas convergiram para a Casa Branca na Marcha 20 de Março sobre Washington – a maior manifestação anti-guerra desde o anúncio, feito pelo presidente Obama, da escalada da guerra no Afeganistão. Dezenas de autocarros deslocaram-se de, pelo menos, 44 cidades em 19 estados. Os manifestantes desfilaram exigindo “E.U.A fora do Iraque e do Afeganistão já”, “Palestina Livre”, “Reparações para o Haiti” e “Não às sanções contra o Irão”, bem como “Dinheiro para empregos, educação e saúde”. Manifestações idênticas realizaram-se em outras cidades do país.

Os oradores do comício de Washington representavam uma fatia transversal ampla do movimento anti-guerra, incluindo veteranos e famílias de militares, trabalhadores, jovens e estudantes, grupos pró-direitos dos imigrantes, e membros da comunidade muçulmana e árabe americana.

Após o comício, uma passeata de militantes liderados por veteranos, membros do serviço militar no activo e famílias de militares marcharam pelas ruas da DC carregando caixões cobertos com bandeiras do Afeganistão, Iraque, Paquistão, Somália, Iémen, Haiti e dos E.UA, como símbolo dos custos humanos da guerra e da ocupação. Os caixões foram sendo deixados ao longo do caminho para Halliburton, junto ao Washington Post, ao Departamento de Assuntos dos Veteranos dos EUA e de outras instituições ligadas à guerra do lucro, da propaganda, e do sofrimento humano. O último caixão ficou junto à Casa Branca – o centro de decisão do imperialismo estado-unidense.

As manifestações de São Francisco e de Los Angeles atraíram 5.000 e 3.000 pessoas, respectivamente.

Em San Francisco, a manifestação contou com a participação da UNITE HERE – funcionários de hotéis, que estão actualmente lutando por um contrato, estudantes, professores e pais que se têm vindo a organizar contra cortes no orçamento da educação e membros da comunidade e activistas que estão envolvidos na luta para impedir aumentos das tarifas e cortes nos serviços.

Em Los Angeles, os manifestantes marcharam pelas ruas de Hollywood carregando caixões, mas também grandes pedras tumulares onde se lia “R.I.P. Cuidados de saúde / Emprego / Educação Pública / Habitação” para chamar a atenção para a guerra económica que está a ser travada contra a classe trabalhadora norte-americana a fim de financiar as guerras no exterior. Serviços sociais essenciais estão a ser cortados para pagar o maior orçamento de Defesa da história.

As manifestações de 20 de Março marcam uma nova fase para o movimento anti-guerra. Uma nova camada de activistas juntou-se a essas acções em grande número, incluindo jovens e estudantes de comunidades multinacionais da classe trabalhadora. Foi estabelecida uma clara relação entre as guerras no exterior e a guerra contra as classes trabalhadoras do país. Embora menor que a acção de 2007, esta mobilização foi maior do que a manifestação do ano passado – a primeira grande manifestação anti-guerra sob a administração de Obama. A experiência mostrou que não basta uma mudança na presidência e que faz falta uma mudança no sistema que vive da guerra, do militarismo e dos lucros.

Essas manifestações foram um sucesso graças ao trabalho empenhado de milhares de organizadores e voluntários por todo o país. Recolheram fundos, espalharam a palavra em cartazes e panfletos, organizaram meios de transporte e realizaram tudo o que era necessário no dia da manifestação. Tomaram as ruas em força, mesmo quando o governo tentou calá-los com dezenas de milhares de dólares em multas ilegais por colocação de cartazes em Washington, e com acusações criminais contra os activistas, pela mesma razão, em Los Angeles e São Francisco.


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