Greve geral dos transportes dia 27 de Abril
O primeiro grande protesto de resposta ao PEC
Pedro Goulart — 15 Abril 2010
Os sindicatos do sector dos transportes ferroviários, rodoviários e fluviais (envolvendo sindicatos da CGTP, UGT e independentes) decidiram avançar para uma paralisação geral dos transportes de passageiros a realizar no próximo dia 27 de Abril. Participaram na reunião, que decorreu em 29 de Março, dirigentes sindicais de empresas do sector público e do sector privado, destacando-se a presença da CP, do Metro, da Carris, da Soflusa e da Transtejo.
Relembramos que, no dia 23 de Março, já os ferroviários estiveram em greve, com a participação dos trabalhadores da CP, da REFER e da EMEF, tendo havido grande adesão dos trabalhadores e forte perturbação na circulação ferroviária em quase todo o país. E que, apesar da CP ter recorrido a transportes alternativos, foram grandes os transtornos dos utentes.
Igualmente, no dia 19 do mesmo mês, estiveram em luta os trabalhadores da Carris e dos TST, com forte adesão à greve na empresa da Margem Sul do Tejo.
O congelamento dos salários nas empresas públicas, os cortes generalizados nas políticas sociais, o bloqueio à contratação colectiva e a perspectiva de privatização de empresas como a TAP, a CP, a EMEF e os CTT, fundamentam bem a justeza da luta que os trabalhadores pretendem levar a cabo. Já que, a ser prosseguida a política do governo do PS, delineada no Orçamento de Estado para 2010 e no chamado Programa de Estabilidade e Crescimento (com o apoio dos patrões, do Presidente da República, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional), o desemprego continuará a crescer e a vida de quem trabalha tornar-se-á ainda mais penosa.
Entretanto, segunda anuncia o Sindicato dos Fluviais, os trabalhadores da Soflusa e da Transtejo, além da adesão à greve nacional dos transportes de passageiros de 27 de Abril, também farão greves parciais nos dias 10, 11 e 12 de Maio.
A ampla unidade de acção que se perspectiva dia 27, se precedida de um intenso trabalho de base nas diversas empresas envolvidas (e, inclusive, se a iniciativa for capaz de ultrapassar um dia de greve) poderá vir a traduzir-se numa importante vitória das classes trabalhadoras do sector dos transportes e representar um bom exemplo a seguir em outros sectores em luta.
Poderá ser esta a primeira grande acção de resposta ao PEC.
Comentários dos leitores
•CeliaPrimavera Teixeira 16/4/2010, 13:40
Sei que ainda falta uns dias, mas queria saber se vai haver realmente greve geral no dia 27 Abril e se na linha de Cascais haverá alterativas assim como em Lisboa.
Se tambem haverá alternativos em termos de Metro ou Carris.
Uma vez que vocês podem fazer greves mas há pessoas que têm de trabalhar na mesma, a patrão não nos despensa.
Fico a aguardar notícias
Obrigado
Célia P. Teixeira
•A. Lopes 21/4/2010, 23:54
A Refer também pára, e todos os sindicatos estão unidos, os independentes, os da CGTP, os da UGT. Agora é só estar atento, e ainda pergunto: e se no dia 27 todos os trabalhadores portugueses parassem de trabalhar em solidariedade consigo mesmos e por todos os que não têm emprego, ou são tratados como precários? Com o pragmatismo da maioria (o povo, livre), obrigaríamos a minoria do poder a negociar, não há outra alternativa. Assobiar para lado e fazer de conta que estes assuntos por resolver nada têm a ver com cada um de nós, é permitir que a injustiça continue, e o que o nosso futuro esteja morto e enterrado, no presente, e porquê ? Apenas porque não fizemos nada..... Eu não todo disposto a viver assim, e vocês?
•Nando Nandhau 23/4/2010, 16:46
Apesar de me fazer transtorno, sou apologista da greve, porque acho que os ricos é que devem pagar a crise, com os ganhos chorudos que recebem...
•Cristina Silva 26/4/2010, 14:31
É lamentável que a greve de transportes transtorne a vida de quem trabalha, de quem paga os ordenados aos trabalhadores e que tem que estar 2 horas ou mais à espera de um comboio onde vai em condições desumanas.
É verdadeiramente vergonhoso que não se assegurem os serviços mínimos ou transportes alternativos que permitam que os TRABALHADORES possam dirigir-se aos seus trabalhos.
Hoje na Amadora não havia um único transporte alternativo da CP.
VERGONHA.