Para a tropa já há dinheiro!

Pedro Goulart — 6 Janeiro 2010

tropaafeg_web.jpgEnquanto os “políticos responsáveis”, os “analistas encartados” e os papagaios de serviço ao capital nos tentam convencer da necessidade de uma forte contenção das despesas nos próximos orçamentos (para eles, certamente, abaixando os gastos que ajudam a diminuir a penúria das classes trabalhadoras), surge ao mesmo tempo nos media a notícia da inevitabilidade, em 2010, do aumento das despesas com o Ministério da Defesa. Trata-se, dizem, de acrescentar mais 5% aos já elevados gastos deste ministério.

A necessidade de tal aumento dever-se-ia ao anunciado envio de mais militares e polícias (PSP e GNR, que também já participou na guerra do Iraque) para a guerra do Afeganistão, à entrada ao serviço de novas armas – submarinos, fragatas e blindados – assim como a mais gastos com as previsíveis promoções nas Forças Armadas (FA).

Só os dois novos submarinos adquiridos, com os respectivos juros (a ir pagando), custarão mais de 1000 milhões de euros. As novas fragatas e os novos blindados custaram mais de 500 milhões. A manutenção de 5 helicópteros de combate custará 50 milhões de euros nos próximos cinco anos. Os custos com as novas promoções nas FA ultrapassam os 100 milhões. As despesas operacionais com as novas armas, vão custar outros milhões. E tudo isto, que é muito, representa apenas uma pequena parte dos milhares de milhões de euros anualmente dispendidos com as FA e as forças repressivas (GNR, PSP, PJ, etc.).

Com estes gastos e mais missões guerreiras, talvez consigamos, na opinião do secretário de Estado Marcos Perestrello e, certamente, de alguns dos seus generais e de vários políticos das classes dominantes, o prestígio suficiente para nos candidatarmos a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para eles, seria mais uma glória para a pátria. Como a mentalidade subserviente e mercenária produz coisas repugnantes e insuportáveis!

Salientando nós aqui apenas a vertente dos gastos militares no OE, quantos dos acima referidos – analistas, políticos (incluído Cavaco Silva, com a sua mensagem de Ano Novo) e papagaios diversos – que afirmam o seu encarniçado empenhamento na contenção do défice orçamental, se indignam ou colocam restrições ao aumento de gastos inúteis e condenáveis com a “Defesa” e as guerras imperialistas? Eles nem tentam disfarçar as suas opções belicistas e de classe. A hipocrisia desta gente fica bem patente, pelo que dizem e pelo que calam. E a nossa repulsa pela sua cantilena é cada vez maior.


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