Solidariedade com Aminetu Haidar
Manuel Raposo — 13 Dezembro 2009
Aminetu Haidar, uma mulher sarauí impedida pelas autoridades marroquinas de entrar no seu país, está desde 15 de Novembro em greve de fome no aeroporto de Lanzarote, Espanha, para onde foi recambiada depois de detida, interrogada e privada do passaporte. O seu protesto é contra a arbitrariedade a que foi sujeita mas também contra a ocupação do Sara Ocidental por Marrocos e pela Mauritânia desde 1975.
A situação, que pode levar à morte de Aminetu, incomoda governo de Madrid, mas nem por isso Zapatero parece querer importunar o rei de Marrocos. Em entrevista dada ao jornal El País, Aminetu denuncia frontalmente o “papel sujo” do governo espanhol, que acusa de estar combinado com as autoridades marroquinas. “Como povo precisamos de apoio político claro e o reconhecimento do direito à autodeterminação”, disse.
Na mesma entrevista, impressiona a determinação com que Aminetu declara estar disposta a ir até à morte. A uma pergunta do jornalista sobre “o que seria dos seus filhos pequenos”, Aminetu responde “tenho filhos, mas também tenho dignidade” e acrescenta: “Entre os meus filhos e a minha dignidade, prefiro a minha dignidade. Eles viverão sem mãe, mas com dignidade”.
Em Lisboa realizou-se a 3 de Dezembro uma vigília em apoio de Aminetu Haidar, frente ao consulado de Espanha, convocada por diversas organizações. Galardoada com vários prémios de direitos humanos, Aminetu recebeu já votos de solidariedade de José Saramago, Rigoberta Menchú, Ramos Horta e Miguel Portas, do realizador Pedro Almodôvar e dos actores Javier e Carlos Bardem, da Assembleia da República portuguesa e ainda um voto “de preocupação” da parte do Departamento de Estado dos EUA.