País Basco: milhares de manifestantes mostram que a luta prossegue

Pedro Goulart — 27 Outubro 2009

paisbasco_web.jpgNo dia 14 de Outubro, dez militantes sindicais e políticos do País Basco, entre os quais Arnaldo Otegi, Rafa Diez e Rufi Etxeberria, parte deles reunidos na sede do Sindicato LAB, em São Sebastião, foram detidos pela mão do juiz Baltazar Garzón e dos partidos espanholistas. A acção policial foi levada a cabo sob pretexto de que estes militantes estariam a tentar reconstruir o Batasuna, organização política da esquerda abertzale (a esquerda basca independentista) anteriormente ilegalizada pelas autoridades espanholas.

A ofensiva da justiça espanhola é a aplicação prática das políticas do PSOE e do PP, política que beneficia, muitas vezes, da cumplicidade dos partidos da esquerda institucional. Corresponde, no fundo, à visão daqueles que não querem encontrar uma solução política no País Basco e é mais uma prova da enorme dificuldade da esquerda independentista em desenvolver aí uma prática política legal.

Entretanto, e após três dias de incomunicabilidade, cinco dos militantes detidos foram mandados embora, permanecendo presos os restantes. Para inculcarem a ideia da sua imparcialidade e independência em relação ao poder na aplicação da lei, os meios judiciais costumam fazer destas coisas: aparentam distinguir os “maus cidadãos” dos menos maus.

De entre as numerosas manifestações de protesto contra estas prisões, realizadas no estado espanhol e a nível internacional, referimos a carta aberta de Alfonso Sastre dirigida aos magistrados espanhóis em que, entre outras coisas, afirma: “aqueles que estão aplaudindo estas detenções não são partidários da paz, antes preferem a existência da violência armada”.

Em 17 de Outubro, por convocatória de vários sindicatos, resultou uma significativa concentração de milhares de manifestantes em São Sebastião, como protesto contra a perseguição política e pela libertação destes militantes. As tentativas de desmobilização levadas a cabo pelo governo e pelos média do sistema não surtiram efeito.

Esta manifestação correspondeu a um caminho de debate e unidade que já vinha a ser percorrido no País Basco, tendo nela participado gente dos vários partidos políticos, à excepção do PSOE e do PP. Foi uma boa demonstração de milhares de bascos de que, apesar dos obstáculos, é possível prosseguir a luta por uma solução política adequada a este país.


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