Contra o golpe militar nas Honduras

26 Julho 2009

honduras72dpi.jpgNa próxima terça-feira, 28 de Julho, tem lugar em Lisboa (Rossio, 19 h) uma concentração de solidariedade com o povo hondurenho e de repúdio do golpe de Estado levado a cabo há um mês que instaurou uma ditadura militar neste país centro-americano.
Desde 28 de Junho, sucedem-se as manifestações populares em defesa das liberdades e do presidente eleito Manuel Zelaya. Foi lançado um apelo à greve geral e solicitado apoio internacional à resistência do povo hondurenho. A repressão policial e militar causou já numerosas mortes e detenções.

O golpe é uma tentativa dos meios reaccionários hondurenhos de travar o movimento popular que procura seguir a via de independência e de justiça social que provocou mudanças significativas em diversos países da América do Sul e Central – e que por isso mesmo contraria a histórica dominação do imperialismo no Continente.

Neste sentido, o golpe inscreve-se nos esforços que, sobretudo, o imperialismo norte-americano tem feito para desarticular os regimes que se libertaram da sua tutela.

A concentração de Lisboa, como outras pelo mundo, corresponde ao apelo de solidariedade lançado pelo povo hondurenho. Foi convocada por diversas organizações às quais o Mudar de Vida se associa reclamando o fim da repressão contra o povo das Honduras e o reestabelecimento da democracia.

Transcrevemos de seguida o texto da convocatória.

Às organizações da sociedade civil portuguesa
Chamada à mobilização contra o golpe militar nas Honduras e em solidariedade com o povo deste país

No passado dia 28 de Junho, as Forças Armadas das Honduras executaram um golpe de Estado contra o governo de Manuel Zelaya, o qual estava a preparar uma consulta popular para perguntar às/aos hondurenhas/os se concordariam ou não com a convocatória de uma Assembleia Nacional Constituinte, cujo objectivo central seria elaborar uma nova Constituição com plena participação de todos/as os/as actores/as sociais do país.

Poucos dias depois do golpe, liderado pelo então presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti – descrito pelos movimentos sociais hondurenhos como um fantoche da oligarquia – foi decretado o Estado de Sítio, procedendo-se à militarização das instituições e das principais cidades do país, à restrição drástica das comunicações internacionais e à intervenção de diversos meios de comunicação que não apoiam os golpistas. A ditadura iniciou uma forte repressão sobre os movimentos sociais e populares, tendo já havido numerosas detenções e mortes que têm sido denunciadas por entidades de defesa dos direitos humanos.

O que está a acontecer nas Honduras não é um facto isolado, faz parte duma estratégia conservadora que conta com a conivência, entre outros, dos Estados Unidos para garantir a continuidade do neoliberalismo na Améria Latina, face aos avanços de vários povos deste continente na defesa da sua soberania e de sistemas sociais mais justos e igualitários. Também não é um facto novo, pois infelizmente faz lembrar as sinistras ditaduras do “encerro, desterro, enterro” instauradas contra povos que ousaram questionar a estruturação injusta das sociedades e das relações internacionais.

Para travar este brutal esmagamento da esperança do povo hondurenho, está a consolidar-se uma grande resistência, com importante participação das mulheres, apesar da forte vigilância e repressão do novo governo golpista. Diariamente, as manifestações populares sucedem-se por todo o país, tendo sido convocada uma greve geral e lançado um apelo à comunidade internacional para solidarizar-se com o povo das Honduras e mostrar com veemência o seu repúdio da ditadura e da brutal repressão iniciada desde o golpe militar.
 
O povo português não pode ficar indiferente perante estes factos! Assim, chamamos à mobilização para um acto de protesto frente ao Consulado das Honduras em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45) à semelhança do que está a acontecer por todo o mundo. Propomos a realização de uma concentração no próximo dia 28 de Julho, terça-feira, pelas 19h, frente a esta representação diplomática. Gostaríamos de contar com o seu apoio e/ou o apoio da vossa organização para a preparação desta mobilização. A pressão internacional é fundamental para reverter esta situação! O que está a acontecer nas Honduras, além de constituir inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo, pode contribuir para marcar o futuro da região e quaisquer tentativas de construção de um outro mundo que reclamamos possível e urgente.
 
Apelamos à mobilização
Pelo reestabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!
Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!
Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!
 
Subscritores
Abril – Associação Regional para a Democracia e o Desenvolvimento
AJPaz – Acção para a Justiça e Paz
Associação para o Desenvolvimento Rural de Lafões
Associação Seres
ATTAC Portugal
Casa do Brasil de Lisboa
CGTP – IN
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Colectivo Política Operária
Colectivo Revista Rubra
Coordenadora Portuguesa da Marcha Mundial das Mulheres
CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação
Federação Nacional dos Sindicatos dos/as Trabalhadores/as da Função Pública
Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos
Não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos
Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens
Sindicato dos/as Trabalhadores/as da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal
Sindicato dos/as Trabalhadores/as na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul Sindicatos dos/as Trabalhadores/as do Município de Lisboa
Tribunal-Iraque
Solidariedade Imigrante – Associação para a Defesa dos Direitos das/os Imigrantes
SOS Racismo
UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
União dos Sindicatos de Lisboa


Comentários dos leitores

rui marreiros 28/7/2009, 18:03

Quando um presidente não respeita a constituição e os outros poderes constitucionais de um país o que deve acontecer?
Ser distituido - foi distituido pelo parlamento por tentar impor um referendo que o tribunal constitucional tinha reprovado por ser anticonstitucional. Os militares só cumpriram ordens do parlamento.
O sr. é que tentou fazer um golpe de estado - destituir o chefe das forças armadas e substituir por um seu capanga, só porque ele se proponha fazer cumprir ordens do parlamento.
O Srs deviam primeiro informar-se sobre o que se passou e não ouvir o sr. Hugo Chaves, cujos valores democráticos são muito duvidosos. Hitler também foi eleito, depois alterou a constituição e eliminou os outros órgãos de poder e era muito popular na Alemanha antes da Guerra.
Viva a legalidade.


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar