O modelo de Soares e de Perestrello
Carlos Completo — 24 Julho 2009
Em recente entrevista a um semanário, Marcos Perestrello, actual candidato do PS à Câmara de Oeiras, critica o PSD e o CDS por atacarem o investimento público e pretenderem “rasgar” os avanços sociais que o governo de José Sócrates teria levado a cabo nos últimos tempos. Perestrello sugere que, como consequência da crise e da política do PSD e do CDS, aqueles dois partidos de direita deixariam parte dos portugueses “à beira da estrada”, excluídos da economia e da sociedade. Eles representariam, assim, o capitalismo desumano, o mau capitalismo.
Embalado no seu discurso, Perestrello acrescenta que “a resposta à crise passa por uma ruptura com o modelo económico e social que tem dominado o mundo nos últimos 20 anos”. Como se o PS não tivesse vindo a caminhar no sentido desse modelo há vários anos!
Justifica Perestrelo o seu actual pensamento com as ideias “brilhantes” propagandeadas por Mário Soares, às quais alguns socialistas e a direita liberal europeia, nomeadamente Sarkozy, teriam aderido depois da crise. Este seu modelo, provavelmente, pretenderia representar um capitalismo humano, o bom capitalismo.
Quem tenha presente a prática política anti-trabalhadores do PS, começada com Mário Soares (que cedo meteu o socialismo na gaveta), prosseguida por outros e, actualmente, continuada por Sócrates (na legislação laboral, nas medidas adoptadas nos sectores da saúde e da educação), assim como quem conheça a dura política levada a cabo pela direita francesa, de que Sarkozy é chefe, não pode deixar-se embalar com este novelo de palavras em que alguns políticos burgueses, pretensamente divergentes nos objectivos, nos procuram enredar.
É preciso dizer a toda esta gente que não conseguem enganar-nos. Com algumas nuances, o seu “modelo” – do PS, do PSD e do CDS – é o modelo capitalista, que já mostrou à saciedade o que de mau representa para os trabalhadores e oprimidos.