“Governabilidade”, dizem eles

6 Julho 2009

Passadas as eleições para o parlamento europeu, abriu a caça ao voto para as eleições autárquicas e legislativas. Percebe-se a razão do afã: está em jogo a escolha da equipa que vai gerir o país, concretamente os negócios que se oferecem às classes dominantes, nos próximos quatro anos.

No meio da intensa vozearia – particularmente dos dois partidos do bloco central, PSD e PS – não se vislumbra nenhuma abordagem de medidas imediatas contra os despedimentos, para a criação de emprego, pela melhoria das condições de vida da população trabalhadora, etc, problemas estes que constituem a verdadeira emergência que o país vive. O que está em causa na disputa é outra coisa: como dar continuidade à política dos últimos quatro anos.

No centro de intermináveis debates foi colocada a questão da “governabilidade” do país. Sócrates, em queda, não tem outro remédio senão reclamar uma nova maioria absoluta, dizendo que sem isso o país é ingovernável. O PSD, espevitado pela (curta) vitória de 7 de Junho, procura ganhar peso para voltar ao poder. Não é uma disputa entre políticas diferentes, apenas uma luta pela primazia em formar governo. De facto, o importante para as classes dominantes, como insistentemente exigem patrões e políticos situados acima da guerra partidária, é conseguir as condições de nova maioria absoluta, de um ou mais partidos tanto faz. “Governabilidade” é só isso.

Contra os argumentos falaciosos desta gente, que nos quer impor mais do mesmo, há que colocar em primeiro plano as enormes dificuldades que atingem as grandes camadas da população. Governar para quem? Ao serviço de quem? O critério de julgamento só pode ser esse. Tem, portanto, cabimento um apelo a todos os trabalhadores para que não votem nos partidos de quem os explora.


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