Apesar das tentativas de ilegalização
Iniciativa Internacionalista concorre em Espanha às eleições europeias
Pedro Goulart — 23 Maio 2009
A fúria persecutória do estado espanhol contra quem defenda a independência dos povos ou ponha em causa o sistema capitalista vigente parece não ter limites. As classes dominantes espanholas, com os seus principais instrumentos partidários – PSOE e PP – quando pressentem o perigo mandam avançar o aparelho judicial. E começa a ser claro que o fazem mesmo independentemente da participação ou não de elementos ligados à ETA.
Com a habitual manipulação dos media e até com a cumplicidade de alguma “esquerda” – o BNG (Bloco Nacionalista Galego) calou-se e a IU (Esquerda Unida) exigiu a vários dos seus membros que retirassem o aval que tinham concedido à candidatura da Iniciativa Internacionalista – o Supremo Tribunal decidiu anular a candidatura da Iniciativa Internacionalista ao Parlamento europeu. É a 11.ª anulação de candidaturas desde 2003.
O Supremo Tribunal fundamentou esta sua “sentença” em alegadas ligações de alguns dos elementos da lista a formações políticas próximas da ETA. Os habituais e inquisitoriais pretextos do aparelho judicial do estado espanhol para ilegalizar partidos e candidaturas incómodas. Embora desta vez tenha ido longe demais no recurso a vagas, falsas e escandalosas justificações!
Dado o enorme escândalo, a solidariedade desenvolvida para com a lista ilegalizada, tanto em Espanha como a nível internacional e, também, as divisões no próprio aparelho judicial espanhol sobre esta decisão, o Tribunal Constitucional acabou por revogar a sentença do Supremo, podendo, assim, a Iniciativa Internacionalista participar no referido acto eleitoral.
A lista candidata ao Parlamento europeu promovida pela Iniciativa Internacionalista envolve gente das Astúrias a Castela, passando pela Galiza, Catalunha e País Basco.
Na coligação participam, entre outros, a Frente Popular Galega, a Corrente Vermelha, a Esquerda Catalã e a Iniciativa Comunista. A lista é encabeçada pelo conhecido dramaturgo Alfonso Sastre e integra destacados militantes das lutas de classe do estado espanhol, da intelectualidade e dos movimentos independentistas. Designadamente, Doris Benega (da Esquerda Catalã), Josep Garganté (dirigente da greve dos transportes de Barcelona), Angeles Maestro (da Corrente Vermelha), Xosé Luís Ferran, Glória Berrocal, Alicia Hermida, Jaime Losada e António Maira (gente da cultura do estado espanhol).
A lista pode ser, no actual contexto, um meio importante de propagandear e cimentar um projecto político de vários sectores não comprometidos com o sistema. Para além do empenhamento na defesa das liberdades democráticas e no tratamento de diversos problemas específicos existentes no estado espanhol, o movimento gerador desta Iniciativa Internacionalista procura abrir caminho a uma resposta de classe à actual crise do capitalismo, assim como ao desenvolvimento da luta anti-imperialista.
Comentários dos leitores
•Fernando Lacerda 24/5/2009, 21:49
Uma decisão importante na luta contra a repressão do estado espanhol sobre a Esquerda Abertzale.