Trabalhadores da Refer invadem sede da empresa

Urbano de Campos — 29 Abril 2009

refer.jpgDezenas de dirigentes e delegados sindicais da Refer – Rede Ferroviária Nacional invadiram as instalações da empresa exigindo ser recebidos pela administração. A concentração foi convocada, no dia 23 de Abril, pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário. Protestava contra a recusa da empresa em negociar melhores condições salariais e contra a supressão de direitos e procurava fazer entrega à administração de uma proposta negocial.

Justamente indignados com a recusa da administração em recebê-los, os sindicalistas não se ficaram pela denúncia da afronta e forçaram a entrada no edifício, chegando ao confronto com os seguranças. A Polícia de Choque foi entretanto chamada e acabou por expulsar os trabalhadores.

Na imprensa, o acontecimento só foi relatado sucintamente pelo Correio da Manhã. Na televisão passaram imagens, igualmente breves mas elucidativas da revolta dos presentes e da sua decisão de não acatarem passivamente o desaforo dos administradores. “Têm que nos receber! Têm que nos receber!” – gritavam alguns dos que forçavam o cordão de segurança.

Testemunhos dados no local revelaram que a administração da Refer anda a fazer gato-sapato dos trabalhadores retirando-lhes regalias, como foi o caso do seguro de doença, e mesmo voltando atrás em propostas salariais que antes tinham sido postas sobre a mesa.

À semelhança dos sequestros de patrões e administradores verificados em França, só acções como a da Refer podem fazer valer os direitos dos trabalhadores. Há que saudar por isso os sindicalistas da Refer, que ousaram ir além da resignação com que a maioria dos trabalhadores por todo o país tem suportado despedimentos, perdas de direitos e sucessivas injustiças.

Acusando a administração da empresa, liderada por Luís Pardal, de “cobardia” e de “recorrer a meios típicos do regime fascista”, o sindicato convocou para hoje, dia 29, no Clube Ferroviário, em Lisboa, um plenário de dirigentes e delegados sindicais, convidando a participar os trabalhadores e as organizações que se identifiquem com as reivindicações defendidas pelo sindicato.


Comentários dos leitores

Gandaio 2/5/2009, 3:23

As forças de segurança foram chamadas em prol de uma empresa exploradora, que é do conhecimento público que não respeita as leis laborais? (Já não falando de direitos laborais!)
Em primeiro lugar, nem sequer deveria ter sido necessária qualquer acção por parte dos trabalhadores - a Autoridade para as Condições de Trabalho devia ter posto cobro à situação, isto é, se não fosse pau mandado de um governo de (extrema) direita com o nosso.
Parem de tapar a cara, este tipo de comportamento é claramente fascista!


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