E não se pode exterminá-los?
Carlos Completo — 16 Abril 2009
Há os “capitalistas honestos”. São os que exploram legalmente. Mas nos últimos tempos, temos sabido da vida de muitos “capitalistas desonestos”: os que foram apanhados à margem da lei. Eis algns dados recentes sobre alguns dos da segunda categoria.
Apareceram nas mãos de Rui Machete, guardadas na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (!), umas actas desaparecidas da Sociedade Lusa de Negócios que, por sinal, importam para averiguar as falcatruas cometidas no BPN.
Em Braga, o presidente da Câmara Mesquita Machado escolheu Domingos Névoa, recentemente condenado (a leve multa) por corrupção activa, para presidente de uma empresa municipal.
Alípio Dias descarta-se das broncas verificadas no BCP, de que foi administrador, passando as culpas para o colega Filipe Pinhal: desconhecia tudo o que era ilegal e assinava tudo de cruz.
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, a ser julgado por enriquecimento ilícito, tem sido um exemplo de franqueza: assume a fuga ao fisco, etc. afirmando que fez apenas o que todos os detentores de cargos políticos fazem.
No caso Freeport, para além do que já foi denunciado, surge agora a notícia de pressões de Lopes da Costa (correligionário de Sócrates e magistrado do Eurojust) sobre os procuradores que investigam o caso.
“Honestos” ou “desonestos”, quando seremos capazes de acabar com uns e outros?
Comentários dos leitores
•Eugénio Calado 17/4/2009, 11:46
O primeiro passo é passarmos a ser nós "desonestos", isto é, cortar os laços com a moral e a política burguesa. A retórica da honestidade, faz-me lembrar a grande força anticomunista que dá pelo nome de PCP. Serve para legitimar os "bons dirigentes", sejam eles tecnocratas de direita ou burocratas de esquerda ou extrema-esquerda, que substituiriam os maus, num governo melhor, mais popular ou verdadeiramente socialista, em vez de estimular a auto-actividade proletária, que passa necessariamente pela acção directa e pela recusa do parlamentarismo e de outras mediações que a subalternizam e a manipulam. A retórica da honestidade congraça classes diferentes e antagónicas, sob hegemonia do elemento burguês.