Que resposta dos trabalhadores?

Manuel Monteiro — 15 Abril 2009

grevistas72dpi.jpgPerante a crise do capitalismo, e as suas medidas brutais sobre o mundo do trabalho, qual tem sido a resposta dos trabalhadores para se oporem a esta ofensiva?
A reivindicação principal tem sido o direito ao trabalho dentro do quadro capitalista, sem pôr em causa o sistema burguês de exploração. Esta reivindicação é acompanhada em alguns países – Inglaterra e Irlanda, entre outros – por posições chauvinistas, anti-imigrantes (“Trabalho primeiro para nós”).

As notícias que nos chegam das lutas nos países fortemente industrializados (na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo), são escassas. Ou porque não são significativas, ou porque a imprensa burguesa esconde as poucas que existem. Mas pela internet é possível furar este boicote e ir conhecendo o que se passa no mundo.

Devido à profunda crise, e às suas incidências sobre os trabalhadores, é na Grécia que se têm verificado as lutas mais significativas e radicais. Em grandes manifestações, que acabam quase sempre em confrontos violentos com a polícia, as massas populares têm mostrado a sua indignação com a desordem capitalista.

Também em Londres, em grandiosas manifestações contra os chefes capitalistas ali reunidos, foi patente a indignação dos trabalhadores e dos estudantes. A acção envolveu a ocupação de bancos e a destruição de instalações. De outros países (França, Estados Unidos, Catalunha, por exemplo) chegam notícias de lutas localizadas de operários, estudantes, professores e trabalhadores de serviços.

Nalgumas delas, como sucedeu em França, os trabalhadores levaram a cabo acções destemidas. Em 26 de Março retiveram por 24 horas nas instalações da empresa 3M os administradores, que tinham acabado de anunciar o despedimento de 110 dos 235 trabalhadores, conseguindo que fossem abertas negociações sobre um assunto que era dado por encerrado. Também em meados de Março os patrões da Sony França foram impedidos de sair da empresa depois de terem anunciado o encerramento para Abril.

Estes sinais de luta e resistência são, no entanto, insuficientes para travar a brutal ofensiva do capitalismo que procura resolver a crise à custa dos trabalhadores. Se alguns sectores já contestam o sistema capitalista, sobretudo em alguns sectores estudantis, a grande massa trabalhadora não o contesta, esperando a resolução dos seus graves problemas de trabalho e de vida dentro do próprio sistema.

Mas uma faúlha pode incendiar a pradaria. Isto é: basta que o proletariado, e outros trabalhadores explorados, de um país capitalista se levantem em luta radical contra este sistema explorador para que outros lhe sigam o exemplo.

Estejamos atentos, não na expectativa, vendo onde vão parar as modas, mas, dentro das nossas possibilidades, participando nas pequenas lutas, denunciando o sistema capitalista, a sua exploração e as suas falcatruas, incentivando os trabalhadores a não aceitarem esta ordem injusta. Porque, quando menos se espera, pode surgir a tal faúlha…


Comentários dos leitores

Eugénio Calado 17/4/2009, 11:24

Estejamos atentos também a essas faúlhas proletárias em países como o Irão, Venezuela e mesmo a Palestina, em vez de considerar os governos desses países como aliados anti-imperialistas da luta ... de quem? dos povos! que povos? Já Marx dizia que quando ouvia falar de povo logo se perguntava que andaria a burguesia a tentar impingir ao proletariado. Mas parece que nem o PREC ensinou nada sobre demagogia burguesa aos nossos marxistas. Pudera, são eles os elementos burgueses dentro do movimento operário! Censuraram-me o comentário sobre a Rosa-Rosso, volto à carga já que se refere neste artigo o nacionalismo dos trabalhadores. Creio que foi muito mal entendido o que se passou na Grã-Bretanha. A burguesia e os seus órgão de formatação de massas espalharam, a partir de alguns elementos realmente existentes, que as lutas proletárias em curso, com características radicais de desbordamento dos canais reaccionários dos sindicatos, eram nacionalistas, e devido ao bloqueamento da informação citada neste artigo, isso passou mesmo para sectores não-burgueses. Talvez fosse conveniente analisar isso mais de perto.


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