A crise e as medidas do governo PS

Pedro Goulart — 4 Março 2009

cimpor.jpgRecentemente, e sob a capa da crise, o governo/CGD presentearam o capitalista e especulador Manuel Fino com, pelo menos, 60 milhões de euros. Para muitos, tal constituiu escândalo, mas acho que não têm razão. Tratou-se, antes, de um acto normal (só que este foi mais às escâncaras) de um governo cujo papel é a defesa e a gestão dos interesses do sistema capitalista. E, aqui, quem mais ordena é mesmo o grande capital.

E, por muito que o governo de José Sócrates se esfalfe a dizer o contrário, as medidas que o seu governo tomou traduziram-se efectivamente num forte apoio ao grande capital financeiro. Só mais tarde surgiram os apoios (bastante mais fracos) às pequenas e médias empresas. Assim, em primeiro lugar, foi dada uma garantia de 20 mil milhões de euros à banca para poder contrair empréstimos. Igualmente, o governo resolveu nacionalizar o BPN, onde já envolveu cerca de 1800 milhões de euros. Além disso, deu uma garantia de mais de 400 milhões de euros à operação de financiamento do BPP.

Para apoio àqueles que são obrigados a vender diariamente a sua força de trabalho ficou reservada apenas uma mísera parcela do total envolvido nestes negócios, apesar da grave situação económica e social por eles vivida. Aqui, nem houve da parte do governo a preocupação de salvar as aparências, de mascarar as suas opções de classe, no combate à crise. Enquanto esbanjava milhares de milhões com os detentores do grande capital, não foi capaz de, ao menos, aumentar extraordinariamente os salários e as pensões mínimas dos trabalhadores. Com o desemprego a crescer todos os dias (só em Janeiro inscreveram-se mais de 70 mil trabalhadores nos centros de emprego) e com cerca de 50% dos quase 600 mil trabalhadores efectivamente desempregados a não terem direito a subsídio de desemprego, a situação ainda mais se agrava.

E o que está já hoje a acontecer é uma amostra do que aí vem. Aquilo que espera os trabalhadores e os de baixo, após mais uma crise de sobreprodução, assim como da reestruturação do capitalismo que resultará desta crise, é um novo agravamento da exploração e da repressão, quaisquer que sejam os governos da burguesia que ao actual se irão seguir.

Nesta situação, é indispensável a unidade de classe e a resistência operária face ao capital. Por que, ao mesmo tempo que se defendem os interesses imediatos dos trabalhadores, barra-se o caminho a esta espiral trágica da humanidade. Espiral que só poderá ter um fim quando as classes trabalhadoras se dotarem da capacidade e determinação revolucionárias de acabar com o modo de produção e exploração capitalista, que actualmente comanda o mundo!


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