Flores de Gaza, lucro de Israel

Carlos Simões — 13 Fevereiro 2009

boicotisraeligoodsmargem.jpgApós 20 meses de bloqueio, Israel permitiu a exportação para a Europa de 25 mil cravos provindos de Gaza. Desde a eleição, em Junho de 2007, do movimento Hamas para governo da autoridade palestiniana que Israel e Egipto, com o apoio dos Estados Unidos da América e da União Europeia, impuseram uma proibição à entrada e saída de bens da Faixa de Gaza. Alimentos, combustível e medicamentos, sejam mercadorias ou ajuda humanitária, são inspeccionados e confiscados na fronteira. Durante a breve trégua do Outono de 2008, Israel permitiu movimento de bens, mas o seu volume manteve-se abaixo de 3% dos valores de 2007.

Segundo o jornal israelita Haaretz, foi a pedido dos comerciantes de flores holandeses que Israel permitiu a exportação de cravos por ocasião do dia de S. Valentim. Flores são também um dos principais produtos de exportação de Israel que em 2007 enviou 125 milhões de flores para o mercado europeu. Na Holanda estas flores são frequentemente empacotadas como sendo de proveniência holandesa o que oculta a sua origem em Israel, e dificulta o boicote destes produtos por movimentos de solidariedade com a Palestina.

A abertura das fronteiras é interpretada pelos palestinianos como um gesto de propaganda. Abdul Karim Ashour, representante dos Comités de Apoio à Agricultura Palestiniana, diz que cerca de 70 por cento da produção de cravos de Gaza foi perdida, dada a incapacidade de exportar e porque o bloqueio impediu os produtores de importarem sementes e pesticidas.

O exportador israelita que vai gerir a venda das flores admite que a encomenda não chegará a tempo de São Valentim e provavelmente será destinada para a Europa de Leste e o Dia da Mulher a 8 de Março. Israel junta assim ao marketing político – a florida abertura das fronteiras – o marketing comercial – preservar-se nas boas graças dos importadores. Para os produtores de Gaza o beneficio é muito pouco.


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