As Pensões e o Complemento Solidário para Idosos

Pedro Goulart — 30 Dezembro 2008

esmola.jpgO governo do PS é um governo que não respeita os direitos de quem trabalha nem os direitos de quem vive das suas pensões, respondendo habitualmente às justas reivindicações de trabalhadores e pensionistas com arrogância e prepotência. Mas, a par disto, a propaganda, a encenação e as preocupações eleitoralistas, que estão sempre presentes na actuação governamental, acabam por se traduzir, muitas vezes, em actos demagógicos, caso da atribuição do Complemento Solidário para Idosos.

Como 92,5% dos pensionistas (cerca de 2,6 milhões de pessoas) recebem, no máximo, cerca de 629 euros, uma fraca pensão para fazer face ao elevado custo de vida, e destes ainda são muitos os que apenas recebem cerca 250 euros mensais (para que dá esta miséria?), o governo, em vez de subir as pensões, concede então um Complemento Solidário para Idosos.

Em vez de respeitar direitos fundamentais do homem, como o direito à alimentação, o governo pratica a caridadezinha. Mesmo assim, para aceder a esta esmola, estão estabelecidas condições tais, que poucos a conseguem receber e alguns a rejeitam. A lei impõe que, para a receber, o pensionista tenha recursos inferiores a 4800 euros anuais, sendo que na contabilidade destes recursos entram não só os recursos do referido pensionista e os do respectivo cônjuge, mas também, pasme-se, os rendimentos dos próprios filhos.

Até quando estes governos do capital, como o de José Sócrates, continuarão a abusar da nossa paciência, a ditar as suas leis, sem que os trabalhadores e o povo se revoltem a sério e os ponham na rua?


Comentários dos leitores

martins 31/12/2008, 10:00

Mesmo para aceder a estas esmolas, os serviços do Estado exigem um sem número de papelada e documentos que custam dinheiro às pessoas e na volta os documentos vão para análise e poucas pessoas têm direito a esse rebuçado.
Primeiro divulgam na comunicação social com pompa e circunstância a demagogia destes atributos e depois a pessoas que estão em dificuldades económicas candidatam-se ao subsídio e no fim não têm direito; e fizeram as pessoas gastar dinheiro em papel, transportes, etc, etc e depois levam com as negas.
É assim este governo, ou outro que lá esteja, só fazem as coisas com fins eleitorais e demagógicos e no final é tudo um embuste e para enganar o povo.

heitor da silva 2/1/2009, 1:30

É claro que tudo isto é verdade, meu caro. No entanto, permito-me acrescentar umas linhas ao último parágrafo: sem que o povo se revolte...
Em primeiro lugar os idosos, pela sua condição. têm um poder de reivindicação muito reduzido - não tendo feito isso enquanto no activo...
Depois os sindicatos nada fazem ante as benesses dos governos às empresas em "dificuldades" ao permitir-lhes o não pagamento da Segurança Social. Os próprios trabalhadores nas empresas nem se lembram de controlar esses normais pagamentos e a contínua balela, todos os anos repetida, de que os sacrifícios são para todos...embora os lucros sejam sempre para os "outros", leva-os, incluso, a desistir da vida.

martins 3/1/2009, 15:58

Claro que os velhos trabalhadores tem um fraco poder reivindicativo, nem mesmo os activos têm poder reivindicativo para fazer valer os seus direitos.
Toda a gente sabe que os "sindicatos" do sistema não fazem nada, só estão para o governo saber a opinião deles e no fundamental comem todos da mesma gamela dos subsídios do Estado.
Por isso é que é necessário fazer novos sindicatos que sejam revolucionários como foi a CGT/AIT do inicio do século XX e não se sentem na mesma mesa do governo e patrões e lutem com os seus afiliados pelas suas reivindicações mais fundamentais.
Os reformados serão aquilo que forem no activo e quanto mais reividicações obtiverem mais vão receber na reforma.
Mas enquanto os trabalhadores não fizerem a REVOLUÇÃO SOCIAL vai ter de haver luta de classes.

José Liberdade 17/1/2009, 0:35

Tem que haver um certo balanço , não se pode ter jogadores de futebol (por exemplo), ou mesmo políticos seja lá quem fôr a ganhar balúrdios e uma pessoa que trabalha 8 horas por dia, 5 dias por semana, 11 meses por ano, 50 anos de uma vida no duro a ganhar misérias, e ainda ter uma reforma que é o que é. Isto é completamente desumano, o ordenado mínimo em Portugal é uma vergonha. Não é ser comunista como já me acusaram ou extremista como chamam a certas organizações. Para esses só digo, ou estão a lucrar com a miséria dos outros ou não têm olhos na cara. Eu quero é justiça social, para mim estes governos comunistas, socialistas, democratas, republicanos, fascistas (não esquecer estes) é tudo diferentes peças do mesmo puzzle, para trocar a cabeça às pessoas, e nos manter na ESPERANÇA(e espera, e espera, bem podes esperar lol) que o próximo governo vai ser melhor. Entretanto passam 4 anos, esses ja encheram o bolso, vêm os outros fazer a mesma coisa, é verdade e é um ciclo muito vicioso.
Mas deixar mães, avós e crianças na pobreza, por pura ganância é mesmo maldade, porque o mundo tem que chegue para todos vivermos bem, será que esses senhores não têm consciência?
A verdade também é que nós temos deixado isto chegar a este ponto, quanto mais tempo vamos aguentar eu não sei mas sei que não vai ser para sempre .


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