Depois de ponderarem regresso ao trabalho
255 operários da TOR suspenderam contratos
Celestino Braga — 29 Setembro 2008
Os 255 trabalhadores da empresa têxtil TOR, de Barcelos, analisaram, em plenário, a possibilidade de regresso ao trabalho, fazendo depender a resolução final do pagamento dos salários em atraso. A decisão definitiva foi tomada a 25 deste mês: como não receberam os seus salários, os operários recorreram ao mecanismo da suspensão do contrato de trabalho, para poderem aceder ao subsídio de desemprego.
O dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Manuel Sousa, adiantou que os trabalhadores não recebem salários há três meses, apesar de a administração lhes ter prometido o pagamento do mês de Agosto. No último plenário, a nova proposta da administração apontava para o regresso ao trabalho a 6 de Outubro, mas os trabalhadores apenas acederiam se vissem pagos o salários e subsídio de férias em atraso.
A administração precisava de 300 mil euros para liquidar o compromisso e avançou, em alternativa, com uma proposta de rescisão amigável de contratos, com pagamento de 50 por cento de indemnizações em três anos. Uma proposta de que os operários nem querem ouvir falar, recusando qualquer receptividade.
O Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes não tinha dúvidas, já antes do plenário do dia 25, que o futuro da empresa, que abriu há 49 anos e já teve mais de mil trabalhadores, era «muito incerto» e encerrava «várias fragilidades e dificuldades». «Tem várias dívidas, um parque de máquinas relativamente ultrapassado e deseja uma reestruturação que passa pela dispensa de mão-de-obra».
Assim, a suspensão do contrato de trabalho, para aceder aos subsídios de desemprego, e um eventual pedido de insolvência por via judicial eram efectivamente os caminhos que se afiguravam mais plausíveis, dado que, até então, as partes tinham «mantido contactos, mas sem resultados práticos».
Até que o desfecho fosse conhecido, à porta da fábrica foram muitas as queixas de quem nela trabalha há muitos anos, e que se vê, de repente, sem dinheiro para pagar as contas mensais e a educação dos filhos. O concelho de Barcelos, onde predomina a indústria de malhas, tem sido um dos mais atingidos pela crise do sector, somando já 4.500 desempregados, quase 10 por cento dos desempregados no distrito de Braga que, segundo o Sindicato, são já 50 mil.