Não perder forças

8 Setembro 2008

As grandes manifestações da CGTP no último ano e meio e as iniciativas de protesto das populações foram a face mais consistente da oposição à política do governo.
Crescentemente, as movimentações tomaram como alvo o governo. Foi isso que muitos dos 250 mil manifestantes de 5 de Junho expressaram ao gritar “governo para a rua”.

Mas quando se impunha que esta maturação política, transgredindo limites impostos pelos dirigentes sindicais, fosse tomada como o desembocar das sucessivas lutas – eis que se aponta como meta… exigir do governo que mude de política. Nada de o derrubar, isso são vozes desgarradas, como disse Carvalho da Silva.

Foi o que Sócrates quis ouvir. Ele sabe que só será obrigado a mudar se os protestos forem mais maciços, não se limitarem à rua e incidirem também nos locais de trabalho, sabotarem a política do governo e as aspirações imediatas dos capitalistas. Aquém disso, Sócrates tem margem para não mudar nada.

Manter a unidade do movimento sindical é importante. Mas o que a direcção da CGTP fez foi desautorizar as vozes mais avançadas do protesto, em nome da unidade com os sectores mais recuados, que não vêem no PS e no governo a mão do capital.

Apontar à queda do governo de Sócrates confirmou-se como uma questão política actual desde que uma parte do movimento de massas a passou a reclamar. Retomar as acções de protesto a partir desse ponto é a única maneira de não desperdiçar as forças de ano e meio de lutas.

A derrota do governo por impulso de um forte movimento de protesto seria um revés para o poder e para os capitalistas que o sustentam. Reforçaria a confiança dos trabalhadores. Daria às lutas nas empresas (ponto fraco da resistência) outro horizonte. É isso o que se espera de Setembro em diante.


Comentários dos leitores

j.m.luz 8/9/2008, 21:49

Mais importante do que criticar as limitadas e inconsequentes acções de protesto da CGTP contra a politica anti-social do governo era demonstrar porque razão ela procede assim, que políticas estão por detrás da sua intervenção e quem de facto elas procuram defender.Talvez assim os leitores do MV ficassem mais precavidos e conscientes para poderem actuar nos seus locais de trabalho.
Considerando que este tema merece um comentário e uma análise mais profunda, vou tentar redigir um texto sobre o tema e enviar, agradecendo desde já a sua possivel publicação.

António Alvão 13/9/2008, 21:09

O PSD como maior partido da oposição, também ficou todo contente com esta grande manifestação de 250 mil; bem como também a dos professores, onde houve uma "caldeirada" de partidos de todas as cores!
Estas grandes manifestações que lutam pelo aumento de vencimentos e por menos trabalho e não pela transformação da sociedade...fazem-me lembrar aquelas laranjas grandes e muito bonitas, que quando abrimos não deitam sumo.
Isto só demonstra até onde o situacionismo "marxista" chegou! Não há dúvida nenhuma que os sindicatos e toda a esquerda estão de facto bem social-democratizados e auto-domesticados; e fazem parte do sistema capitalista. Da revolução já ninguém fala. Não é preciso. Porque o bom marxista é aquele que diz - para o capitalismo cair não é necessário revolucionários, ele acabará por cair por si!!!


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