Como a empresa estatal Parpública se livrou de responsabilidades
Comentário ao artigo “A liquidação da Cerâmica da Portela” (MV, 25 de Fevereiro)
Alice Marques — 5 Junho 2008
Falta acrescentar no relato apresentado, uma questão importante: a Comissão de Trabalhadores de Fábricas Mendes Godinho questionou diversas vezes a Administração sobre este duvidoso negócio [a venda da empresa à Certomar-Cerâmicas] tendo em conta os prejuízos sérios que traria aos trabalhadores afectos à actividade de cerâmica, pois seriam “absorvidos” pela nova empresa, sem serem indemnizados por FMG, ou garantidos os seus direitos de antiguidade.
A maioria preferia ter recebido a indemnização e correr o risco de ser ou não absorvido pela nova empresa, mas foi-lhe recusada essa possibilidade, pois o contrato de transmissão incluía todos os trabalhadores afectos ao quadro de pessoal! Já na altura, alguns de nós pensámos que o que se estaria a preparar não seria mais do que uma armadilha…
No entanto, os trabalhadores acreditaram na palavra da Administradora Ana Paula Ribeiro, porque representava a Parpública, empresa ligada ao Estado, e portanto esta seria uma entidade séria, que não se prestaria a desenvencilhar-se assim dos trabalhadores a quem devia responsabilidades!
Infelizmente não foi assim. A Parpública, empresa accionista das Fábricas Mendes Godinho, desprezou a sua responsabilidade para com os trabalhadores, apenas com o objectivo de reduzir e evitar custos com a liquidação da empresa, transferiu-os fazendo com eles um negócio, que pode ser legal mas é IMORAL, com a agravante de ser a Parpública, a empresa estatal, a promovê-lo!!