A Comunicação Social extinguiu a classe operária

26 Abril 2008

Na SIC-Notícias, a 4 de Abril, Mário Crespo abriu o noticiário das 21h com os despedimentos da Delphi e Yazaki Saltano, duas fábricas de componentes para automóveis, referindo que tinham sido despedidos cerca de 500 e 400 funcionários e «colaboradores» nas duas fábricas.
Mário Crespo e senhores jornalistas: caracterizem-me sociologicamente um «colaborador» a nível da relação social de trabalho. O funcionário pertence à administração, à contabilidade; o operário, a operária, à fabrica e estão na linha de produção e montagem tanto no automóvel como no têxtil. Sejamos claros e deixemo-nos de colaboracionismos…
Leio o texto de Sara Dias Oliveira no Público de 5 de Abril, pág. 42, sobre os despedimentos na Yazaki. Refere os operários e no fim os trabalhadores em geral. Texto/conteúdo sociologicamente impecável. Qual foi o título dado ao texto? Yazaki dispensa 400 funcionários em Gaia. Mais grave foi a chamada da 1.ª página. Funcionários? Senhores jornalistas, temos de ser rigorosos nas categorias/classes sociais. Já se esqueceram dos sectores terciário e secundário? Pode um funcionário ser mineiro? Um mineiro é um «colaborador a recibo verde» da empresa mineira? Um operário de montagem automóvel em cadeia é um funcionário, um «colaborador» da empresa?
A primeira repartição da riqueza produzida é feita na empresa, na fábrica, na mina. A segunda é feita pelo Estado com os impostos.
Quem fez os títulos? Quem baralhou tudo na chamada de 1.ª página? Capital e trabalho. Não há trabalho sem capital, nem capital sem trabalho. Por mais que queiram, estas relações sociais de produção são antagónicas, não são de colaboração. Cabe o lucro ao capital e o salário a quem trabalha.
José Raimundo Correia de Almeida


Comentários dos leitores

HEITOR DA SILVA 27/1/2010, 22:52

Caro Raimundo: Tens muita razão neste teu comentário. A razão de ser da mal-chamada Comunicação Social é precisamente a de perverter a opinião pública e formatá-la segundo os interesses do Capital que dispõe de meios técnicos e humanos, leia-se colaboradores, funcionários, que são pagos para serem os "his masters-voice". Este é por isso um campo onde há "muita terra para lavrar."
Vê por exemplo esta Ditadura da Burguesia na que resistimos e que os colaboradores do Capital baptizaram de Democracia.Mas, por mais incrível que possa parecer, também muitos funcionários de Partidos auto proclamados "anti-imperialistas, anti-capitalistas e, pasme-se, Marxistas, Leninistas, Socialistas e Comunistas também aceitam isto como Democracia!
Por isso te digo que fazem falta muitos Raimundos... Saudações Socialistas, Heitor


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