Venham mais cem mil

Renato Teixeira — 12 Março 2008

manifprofs_72dpi.JPGAs mobilizações e os protestos que se tinham já feito sentir um pouco por todo o país materializaram-se de forma impressionante no passado sábado, 8 de Março. Dos 160 mil professores que existem cerca de dois terços vieram protestar nas ruas de Lisboa. Não há memória de uma percentagem tão grande de um dado sector envolvido num protesto.

Foi a quinta maior manifestação desde o 25 de Abril. Depois do 1 de Maio de 1974, do 21 de Julho de 1980 contra a Aliança Democrática e do 2 Março e 18 de Outubro de 2007, nunca tanta gente tinha vindo a terreiro. Os números são ainda mais impressionantes se tivermos em conta que se tratou apenas de uma manifestação de professores e todas as outras tinham sido apelos gerais.

O recado que a Ministra da Educação deu à mobilização de Lisboa é revelador da postura do governo: “Não é relevante!”. Taxativo, e não sem argumento: “Desistir e parar tem sido a prática comum ao menor protesto, à menor insatisfação. (…) Na minha opinião o país não tem escolha”, conclui.

manifprofs_72dpi1.JPGSe nem na rua as pessoas são consideradas “relevantes”, como espera o governo que elas façam ouvir a sua voz? A resposta da senhora ministra só pode ser entendida como um apelo à desobediência dos professores. Que outra alternativa lhes resta, senão perturbar o – já de si anormal – funcionamento das escolas?

O movimento dos professores passou para a ofensiva, e está agora nas mão da sua direcção não perder o rumo nem se deixar intimidar. A força expressa na rua pela maioria dos professores demonstrou que não é tempo para dar passos atrás.


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