Uma vida de luta
Morreu Georges Habache, líder da Frente Popular de Libertação da Palestina
(MV/Voltairenet) — 4 Fevereiro 2008
Georges Habache, figura destacada da resistência palestiniana, morreu no exílio, no dia 26 de Janeiro último, com 81 anos de idade. Apesar de uma vida inteira de combate, parte sem presenciar a libertação da Palestina nem a criação do Estado único, laico e socialista, por que ansiava, no qual palestinianos e colonos judeus fossem por fim iguais.
Dada a emoção popular, os seus adversários da Autoridade Palestiniana decretaram um luto nacional de três dias.
Georges Habache tem 22 anos quando assiste, no verão de 1948, aos massacres praticados pela milícia israelita Hagannah nas cidades de Lydda – sua terra natal, com 30 mil habitantes – e Ramle, e em mais 75 aldeias palestinianas situadas entre Telaviv e Jerusalém. Era a aplicação de um plano de limpeza étnica que os sionistas têm prosseguido até hoje. No final de seis meses de operações terroristas, centenas de mulheres e crianças tinham sido mortas e 800 mil palestinianos passaram à condição de refugiados sem terra.
Habache, que viria a formar-se em medicina na universidade de Beirute, Líbano, ficou marcado por estes acontecimentos. Participa em organizações de resistência ao mesmo tempo que se instala na Jordânia praticando medicina nos campos de refugiados palestinianos.
Depois da Guerra dos Seis Dias, em 1964, funda a Frente Popular de Libertação da Palestina, juntando grupos resistentes laicos, com um programa nacionalista e marxista. A FPLP entende o conflito israelo-árabe como uma consequência do domínio imperialista na região de que a actividade colonizadora de Israel faz parte.
Habache, contra a evolução feita pela Organização de Libertação da Palestina e Arafat no sentido da aceitação de dois Estados, defendeu para a região um só Estado democrático e laico em que árabes e judeus fossem cidadãos de igual condição.