Estranhos dias

29 Janeiro 2008

De dia para dia a sociedade ocidental começa a tornar-se cada vez mais fundamentalista. O ataque às nossas liberdades essenciais, que tanta tinta fizeram correr para serem conquistadas, começa a cerrar-se e sem tréguas à vista.

O estado das coisas chegou a tal ponto que se quisermos lutar contra o sistema podemos ser acusados de terrorismo, tal como o que se assiste aqui ao lado no País Basco.
Os Estados Unidos da América começam a dar sinais claros de terem entrado numa guerra santa contra o Islão como podemos constatar através do discurso dos candidatos à Casa Branca que fervilha de alusões a Deus e à fé.

A velha Europa, que nos habituou a estar na frente da luta pela liberdade, cada vez mais se assemelha à América do Norte. Desde a criação de uma comunidade económica que rapidamente se transforma em comunidade política até à recente plastificação dos nossos hábitos alimentares através da ASAE, caminhamos a passos largos para a criação de uma sociedade asséptica e monocromática. Em breve, chegarão as normas para a roupa que devemos usar para melhor distinguir os “Alfas” dos “Ípsilons”. Ou não será o fato e gravata um começo dessa homogeneização que lentamente se tem imposto ao longo do último século.

Os colarinhos brancos ameaçam controlar tudo! O que comemos, o que bebemos, o que fumamos, o que vestimos, como trabalhamos e o mais grave de tudo, como pensamos! Tudo isto, sob o pretexto da criação de uma sociedade saudável e livre de terrorismo, altamente paternalista e em que nós não temos capacidade para decidir o que queremos fazer com o nosso corpo.

Com a cosmética feita à nomenclatura do Tratado Constitucional Europeu, operada com a recente assinatura do Tratado de Lisboa, o governo de Sócrates em conjunto com os seus homólogos europeus pretende branquear mais um passo na criação de um grande Estado europeu. Infelizmente, uma situação muito idêntica à criada por Hitler ou por Napoleão se atentarmos na geografia europeia criada por esses ditadores. A principal diferença reside em não haver uma cabeça a quem atribuir a culpa quando a casa ruir. Permite-se, desta forma, que os estadistas se camuflem na necessidade de tornar a Europa competitiva em relação aos Estados Unidos da América e às famigeradas potências emergentes, como a China e o Brasil.

Estranhos dias são aqueles que atravessamos. Infelizmente não posso augurar nada de bom no que vejo acontecer à minha volta. Fará sentido continuar a ter uma perspectiva optimista do mundo e do bom senso do ser humano? Porque insistimos em não aprender com os erros passados permitindo um futuro melhor?
Hugo Soares Silva


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