Kosovo
M. Raposo — 8 Janeiro 2008
A história actual do Kosovo começa em 1991. A então Jugoslávia resistia à expansão da União Europeia. A Alemanha alimentou o separatismo das repúblicas do norte da federação jugoslava: a Eslovénia e a Croácia. Quando as tropas federais foram enviadas para defender a unidade do país, o Ocidente levantou o fantasma da “Grande Sérvia” e a guerra estalou. Eslovenos e croatas, apoiados militarmente pela Alemanha, declaram independência e são imediatamente reconhecidos pelo governo de Kohl. A UE, dividida, cede ao facto consumado. Acto contínuo, a guerra alastra à Bósnia com o mesmo resultado. A Jugoslávia vai sendo cortada às fatias e os novos países tornam-se presas da UE.
OS EUA decidem intervir quando vêem que a Alemanha ganha novos territórios de expansão económica, para mais com importância militar, dado o acesso directo ao Mediterrâneo. Tomam então conta da Albânia, cujo regime ajudam a derrubar; e da Macedónia, outra das repúblicas jugoslavas. Aí instalam bases militares que fecham a sul os Balcãs.
O passo seguinte, já de iniciativa conjunta UE-EUA, foi forjar a independência do Kosovo, uma província da Sérvia, fronteiriça da Albânia, e cuja população de origem albanesa se tornara maioritária. Seguindo a mesma receita, apoiaram bandos de terroristas e traficantes de droga como o UÇK, guindando-os à categoria de forças patrióticas, e bombardearam a Sérvia. A pretexto de impor a paz, ocuparam o Kosovo com tropas da Nato subtraindo-o, na prática, à soberania da república da Sérvia. A missão da Nato, em que participam tropas portuguesas, foi consumar a separação e preparar o terreno para a independência.
É este acto final de desmembramento da Jugoslávia (agora avançando já por território sérvio) que está em curso. A “nação kosovar” interessa ao imperialismo europeu ou norte-americano como mero instrumento – tal como não lhes interessam os direitos nacionais, por exemplo, dos bascos, dos norte-irlandeses ou dos palestinianos.