III Encontro dos Povos Zapatistas com os Povos do Mundo

Alexander Hilsenbeck Filho — 4 Janeiro 2008

foto-zapatista.jpgO Exército Zapatista de Libertação Nacional, grupo armado de indígenas localizados no sudeste do México, deu início no passado dia 28 de Dezembro ao III Encontro dos Povos Zapatistas com os Povos do Mundo, sendo que essa terceira edição se destina a discutir especificamente a condição das mulheres zapatistas e das mulheres no mundo. Em análise, entre outros temas, experiências de autonomia e autogestão que já contabilizam 14 anos ininterruptos.

Nestes três encontros, os zapatistas têm se reunido com pessoas e organizações de várias partes do mundo para realizarem um debate aberto e amplo sobre as experiências de luta de cada movimento, de cada sujeito. O objetivo é apresentar propostas de luta contra o capitalismo e criar um programa nacional e internacional, por meio da organização e criação de outras formas de pensar e efetivar a vida de maneira realmente democrática, partindo dos que se encontram nos postos mais baixos da organização social.

O III Encontro tratará do desenvolvimento da luta das mulheres, tanto dentro dos pueblos e das regiões zapatistas, como em relação aos coletivos e grupos de variadas partes do mundo: como se deram os avanços na construção de participação igualitária nas tarefas de governo dentro dos territórios em rebeldia indígenas, ainda que esta seja uma experiência em que falta muito a fazer, como o reconhecem os próprios zapatistas. Por isso, as zapatistas discutirão como se organizaram para efetivar seus direitos, como sustentam suas lutas e quais as responsabilidades e mudanças conquistadas, inclusive dentro de suas próprias casas, escolas e territórios.

Além do fato de serem indígenas em franca resistência contra o capitalismo, a discutirem questões de gênero em uma sociedade extremamente hierarquizada de forma patriarcal, é interessante perceber que esses insurgentes já efetivam uma reconstrução do poder social em escala local. Com a Outra Campanha os zapatistas se interrogam de como faze-lo em conjunto com uma ampla rede de setores subalternos em rebeldia no México e no mundo, em uma estratégia com organizações sociais, movimentos, coletivos e indivíduos bem delimitados no campo da luta política e de classes, mantendo distância em relação ao Estado e as elites políticas, não jogando ilusões nas eleições institucionais, mas apostando na organização autônoma dos de baixo, dos trabalhadores em resistência.

Ao contrário da organização dos patrões e gestores que se integram de maneira transnacional, não respeitando sequer formas específicas de trabalho, os zapatistas, tal qual um quadro que é pintado por várias mãos, em distintos momentos, pincelam as cores da internacionalização da solidariedade entre os de baixo, da esperança da construção de um novo mundo multicolorido, não limitado a geografias nacionais e culturais. A exemplo desses encontros, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras, por mais simples que pareçam, por mais particular que possam se apresentar, também devem se inserir numa forma comum e coletiva, que respeite as especificidades de cada grupo e indivíduo, não se restringindo a essas singularidades, mas somando suas variadas cores para a construção desse quadro comum e internacional, de um novo mundo.

Informações sobre o III Encontro dos Povos Zapatistas com os Povos do Mundo: http://zeztainternazional.ezln.org.mx/ e http://chiapas.indymedia.org/


Comentários dos leitores

Lúcio 4/1/2008, 16:09

Toda força à construção da resistência internacional desde baixo!!
Zapata vive, La lucha sigue


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