Um total de 110 anos de prisão para 24 activistas

(adaptado de midiaindependente.org e supportolegale.org) — 17 Dezembro 2007

genova.jpgNa passada sexta-feira, 14 de Dezembro, foi encerrado o “processo dos 25” em que vinte cinco pessoas foram acusadas de “devastação e saqueio” nos protestos ocorridos em 2001 durante a reunião do G8, em Génova, Itália. Durante os protestos, que juntaram na cidade italiana 300 mil pessoas idas de todo o mundo – uma impressionante e inédita manifestação de internacionalismo contra o grupo das potências capitalistas dominantes – um jovem, Carlo Giuliani, foi abatido pela polícia à queima-roupa.
Um mês antes da sentença agora lida, 80 mil manifestantes vieram à rua reivindicar a autoria dos protestos de Génova. Não obstante, o resultado foi apenas um activista inocentado, enquanto os demais foram condenados a penas de cadeia que somam 110 anos (variando entre cinco meses e onze anos).

Para um grupo de catorze activistas, a acusação de “devastação e saqueio” não se sustentou e os acontecimentos na Via Tolemaide foram entendidos pelo tribunal como auto-defesa diante da polícia, não constituindo crime. No entanto, foram condenados pelos danos: treze deles cumprirão penas entre cinco meses e dois anos e meio; e um cumprirá cinco anos por danificar um carro da polícia.

Os outros dez activistas foram condenados por devastação e saqueio. As penas vão de seis a onze anos, sendo a maior aplicada apenas a uma activista, acusada de pertencer ao “Black Block”. Quatro deles terão, depois de cumprida a pena, mais três anos de liberdade vigiada e ficam permanentemente interditos de desempenhar cargos públicos .

Os 24 activistas ainda pagarão 100 mil euros por “dano de imagem” ao Estado italiano. A isso somam-se o custo do processo e os danos no património, que serão determinados num processo civil.

Os procuradores do Ministério Público, Andrea Canciani e Anna Canepa pediam 225 anos de cadeia. Comparada com isso, a sentença final foi quase a metade.

O fim do “processo dos 25” foi o segundo julgamento sobre os acontecimentos do G8 de Génova. Antes, teve lugar o julgamento do assassinato de Carlo Giuliani, na praça Alimonda, cujo autor, um polícia, foi completamente inocentado.
Vale a pena realçar que a tentativa de instauração de uma comissão parlamentar para investigar as acções da polícia não obteve votos suficientes, uma vez que parte da coligação de centro-esquerda votou com a direita, isto é, contra a investigação.

Ainda há na fila muitos outros processos como o da Escola Diaz, de Bolzaneto, entre outros – pelo que os julgamentos sobre o G8 de 2001 em Génova estão longe de terminar.

Ao julgamento que agora terminou, como aos que hão-de vir, se aplica a afirmação feita no comunicado de imprensa divulgado pelo site Supporto Legale: “A sentença proferida condena não apenas os 24, mas todos os que participaram nas jornadas de 2001”. Por isso, acrescenta: “Todos os que estiveram em Génova gritarão: de modo nenhum nos arrependemos. Não nos arrependemos da determinação com que pusémos em causa o poder naqueles dias. Hoje, como ontem e amanhã, continuamos a dizer que a história somos nós”.

(Ver http://www.midiaindependente.org e www.supportolegale.org)


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