Grandes grupos económicos preparam-se para controlar Medicina
Novo regime jurídico do ensino superior incentiva privatização das faculdades
Cândido Guedes — 16 Dezembro 2007
Em comunicado divulgado em 13 de Dezembro, o SALTA (Saúde, Alternativa e Acção) alerta para o processo já em curso de privatização da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
O novo regime jurídico do Ensino Superior permite – incentiva mesmo – a transformação das faculdades em “fundações públicas de direito privado”. Nestas “fundações”, o poder de gestão e orientação pedagógica, na prática, passará para as mãos de “personalidades de reconhecido mérito” – leia-se, representantes directos ou gente da confiança dos grandes grupos económicos. Em Lisboa, esse processo está a ser encabeçado por Medicina e pelo Instituto Superior Técnico, que são as componentes mais fortes das duas universidades públicas, a Clássica e a Técnica.
No que respeita à saúde, a banca e as empresas financeiras, designadamente através dos tentáculos que já criaram para operar na área, estão na primeira linha deste processo que aponta para a total submissão dos cuidados de saúde aos interesses do capital privado. Depois da entrega da gestão de vários hospitais públicos a tais empresas, passa-se pelos vistos a uma etapa seguinte: o controle da própria formação dos profissionaos da área da saúde pública.
O director da Faculdade de Medicina, professor Fernandes e Fernandes, confirmou, em entrevista ao SOL de 10 de Novembro, este processo. Já se fala da entrada dos grupos Mello e Espírito Santo para a gestão da mais importante escola de médicos do país.
Comentários dos leitores
•Ismael Pires 23/1/2008, 2:00
Sobre o mal da saúde deixo aqui um artigo do meu blogue onde durante 2007 investiguei e denunciei as falhas do INEM, os partos em ambulância e a forma como Correia de Campos está a desmantelar o Serviço Nacional de Saúde
Correia de Campos é uma das mais sinistras personagens que têm passado pelos governos de Portugal. Isto pela forma cega e insensível como aplica as ordens do seu chefe. Poupar dinheiro e desmantelar o Serviço Nacional de Saúde são os objectivos políticos, a agenda secreta da quadrilha que nos governa. Alguns dos seus correligionários, desfazem-se agora em indignação bradando contra aquilo que designam de «aproveitamento político da morte de duas crianças».
Independentemente do que levou à morte das duas crianças, o que é indigno são as circunstâncias em que ambas faleceram. O bebé de Anadia foi assistido e morreu na rua, em frente de um hospital onde não deu sequer entrada. Porque a urgência tinha sido encerrada quinze dias antes.
O bebé de Viseu foi enviado de um Centro de Saúde para o Hospital por ter uma situação grave. No entanto a ambulância que o transportou não levou nem médico nem enfermeiro. O transporte de doentes graves requer sempre um acompanhamento por um técnico de saúde. Este bebé seguiu sozinho com a mãe e o tripulante da ambulância. E morreu. Isto não acontece em países desenvolvidos.
Uma idosa esperou quatro horas na urgência hospitalar de Aveiro e morreu sem ser vista por um médico. Isto é indigno num país da Europa. Situações como estas, que nos deviam envergonhar a todos enquanto habitantes da Europa, têm-se sucedido desde que Correia de Campos começou a sua sinistra actuação. Decorrem dessa sua actuação que se tem pautado pelo encerramento cego de serviços.
Neste blogue denunciei ao longo de 2007:
Falhas dos serviços de emergência
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/archive/2007/05/26/N_E300_o-pode-continuar-a-morrer-gente-por-falhas-do-INEM_2D00_Um-apelo--.aspx
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/archive/2007/05/17/morrer-no-Alentejo.aspx
Nascimentos de crianças em ambulâncias estrada fora
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/archive/2007/05/31/Nascer-em-Portugal_2D00_uma-reflex_E300_o-no-Dia-Mundial-da-Crian_E700_a-.aspx
O desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde.
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/archive/2007/05/04/a-destrui_E700E300_o-em-marcha-do-SNS-_2800_servi_E700_o-nacional-de-sa_FA00_de_2900_.aspx
Espero que agora o confrontem no Parlamento com todas estas desgraças. Eu preferiria vê-lo sentado no banco dos réus, acusado da prática reiterada de homicídios por negligência. Num país civilizado seria aí que ele iria responder.