Maquinistas alemães: uma greve sectorial que paralisou o país
Cândido Guedes — 4 Dezembro 2007
Em luta desde Março passado, os maquinistas dos caminhos de ferro alemães fizeram no mês de Novembro a mais longa e participada greve da sua história, paralisando o tráfego de passageiros em todo o leste do país, a actividade portuária e a quase totalidade do tráfego de mercadorias – fundamental para as indústrias, sobretudo automóvel e química, cuja laboração foi seriamente afectada.
Sob a aparência de uma reivindicação corporativa – um acordo salarial separado do dos restantes 195.000 trabalhadores da empresa (Deutsche Bahn) – os 34.000 maquinistas exigem, na realidade uma actualização salarial que equipare os seus salários aos de outros caminhos de ferro europeus. O que, de início, os levou a exigir aumentos que iam até aos 31%. Embora tendo baixado consideravelmente esta fasquia, a empresa manteve-se inflexível e o resultado foi uma greve histórica, que durou vários dias e foi suspensa no sábado 17 de Novembro.
Na Alemanha, a maior potência industrial da Europa, este tipo de greves é relativamente raro. Mas as sondagens de opinião acerca deste caso foram claramente favoráveis aos grevistas. O governo de Angela Merkel, que se preparava para privatizar parcialmente a empresa em 2009, já teve, segundo a Reuters, de meter esse plano no frigorífico.
Agora, perante as propostas insuficientes da DB – que teve 30 mil milhões de euros de lucros no ano passado –, o sindicato GDL considera seriamente a possibilidade de retomar a greve a qualquer momento.