O Segredo da Rua d’ O Século

José Mário Branco — 3 Dezembro 2007

livroloucacapa_72dpi.jpgQuando, há dois anos, no seu livro Conspiradores e Traficantes (ed. Oficina do Livro), o historiador António Louçã referiu as ligações ao nazismo do então presidente da Comunidade Israelita de Lisboa (CIL), Moses Amzalak, logo vieram a terreiro os sionistas de serviço aplicar-lhe a estafada etiqueta de anti-semitismo, que colam em tudo o que cheire a crítica à política fascista, expansionista e de apartheid do actual Estado de Israel.
O seu novo livro, agora saído – O Segredo da Rua do Século. Ligações perigosas de um dirigente judeu com a Alemanha nazi (1935-1939), ed. Fim de Século –, escrito de parceria com a investigadora Isabelle Paccaud, vem desenvolver e fundamentar a história sinistra do respeitadíssimo Prof. Amzalak, grande promotor e propagandista do fascismo português, próximo de Salazar desde a primeira hora, e também próximo da Legação nazi em Lisboa.
Baseado numa (quase) exaustiva investigação de arquivos e fontes bibliográficas, os autores abordam, em quatro capítulos, o papel de Amzalak à cabeça do jornal O Século e do ISCEF e os serviços que prestou ao Terceiro Reich entre 1935 e 1939 (que lhe valeram, apesar de presidente da comunidade judaica de Lisboa, uma condecoração do governo de Hitler), o papel político-propagandístico de O Século antes e durante esse período no contexto do fascismo português, o comportamento de Amzalak e da CIL no (mau) acolhimento aos refugiados judeus em Portugal e, por fim, a demonstração liminar (a partir dos exemplos opostos do fascismo italiano e da república espanhola) de que o comportamento dos judeus nesse período terrível foi diverso e claramente dividido segundo critérios políticos de classe. O livro termina, aliás, com uma longa, empolgante e comovedora descrição da história de milhares de judeus que, em contraste com as tendências ultra-reaccionárias da grande burguesia judaica, deram as suas vidas nas grandes lutas populares dessa época, na Europa e no mundo inteiro. Não por serem judeus, mas por serem comunistas, libertários ou progressistas.


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