De cócoras

Pedro Goulart — 3 Dezembro 2007

bushsocrates.jpgO embaixador dos EUA, Alfred Hoffman, disse o que lhe apeteceu contra os acordos da GALP com a Venezuela e a redução do contingente militar português no Afeganistão, sem que o governo português esboçasse qualquer réplica. Mais: perante o voto de repúdio do BE por tais afirmações, os deputados do PS, PSD e CDS chumbaram-no, dizendo que as declarações do empresário e financiador de Bush “não podiam pôr em causa as relações de amizade entre Portugal e os EUA”.Outra coisa não seria de esperar, sabendo-se da subserviência que os leva a apoiar sem condições os EUA, nomeadamente as suas guerras de agressão.

De caminho, Hoffman desprezou também a afirmação de Durão Barroso de que fora enganado pelas falsas provas dadas em 2003 pelos EUA acerca das armas de destruição em massa do Iraque. O embaixador ridicularizou Durão, vincando que ele foi o último a reconhecer o facto, pelo que a coisa não se revestia de qualquer novidade.

bushdurao.jpgO ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, tem sido a cara da vergonhosa posição do governo acerca da participação de Robert Mugabe na cimeira UE-África, a ter lugar em Lisboa, a 8 e 9 de Dezembro. Pondo-se ao serviço do primeiro ministro do Reino Unido, Gordon Brown, que ameaça não estar presente se Mugabe aparecer, Luís Amado teve o desplante de dizer que o chefe de Estado do Zimbabué não seria bem vindo. Ora, independentemente da natureza do regime de Mugabe, os ataques do Reino Unido resultam das expropriações feitas aos fazendeiros brancos e dos limites que o regime quer pôr ao poder económico dos antigos colonizadores. Nesta guerra centrada na figura de Mugabe o governo português está afinal a tomar partido pelos interesses coloniais britânicos.


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