O velho e o polícia

27 Novembro 2007

No dia 18 de Outubro, decorreu em Lisboa uma grande manifestação contra as políticas neo-liberais de Sócrates e contra a flexi-segurança. Duzentas mil pessoas saíram à rua para que fosse ouvido o seu grito de revolta, contra o governo e contra o rumo da política de Bruxelas, aproveitando o facto de estarem os grandes chefes da Europa reunidos no Parque das Nações.

As notícias, nos diferentes jornais televisivos, foram de tal modo reduzidas que não se conseguia perceber o seu impacto. Procurei testemunhos, lembrei-me do senhor António, meu vizinho, residente em Coimbra.

Este senhor, com os seus oitenta e poucos anos, nunca deixou de participar em nenhuma manifestação, sofreu a repressão em demasia para hoje ficar calado. Foi um grande esforço para ele a viagem e o percurso da manifestação, que, devido ao grande número de pessoas, demorou horas.

Apesar da dimensão do desfile, ele estava muito triste e revoltado. Os jornalistas que se aproximavam só queriam que ele falasse do que ele trazia para o almoço, queriam uma notícia, nas suas palavras, de folclore e ninguém perguntou pelo sumo das coisas, era apenas uma excursão. À pergunta de como é que tinha sido no Parque das Nações, ele respondeu-me que não tinha chegado lá. Fez tanto esforço para chegar perto dos grandes dignitários europeus, mas essa tentativa foi frustrada, foi encaminhado para os autocarros para voltar ao destino. Dizia-me ele que era tanta gente que até um polícia desabafou perante o seu cabelo branco: “hoje vocês têm o poder nas mãos, somos tão poucos que poderia haver aqui uma revolução, três mil e poucos polícias para mais de duzentos mil manifestantes!” Mas as organizações não estavam interessadas num braço de ferro. Para elas, tratou-se pois, de uma excursão!
Isabel Casado


Comentários dos leitores

josé alfredo 14/3/2010, 17:46

Paz Sim,Nato Não!
Mais 84 soldados Portugueses para o Afeganistão, no final do mês serão 253 os soldados nossos compatriotas presentes naquele País, é mais uma vês o nosso País a cumprir escrupulosamente as ordens da NATO. Esquecem-se os alunos bem comportados, que têm efectuado profundos cortes nas despesas sociais, primeiro em nome do défice orçamental, depois em nome da crise, proximamente de novo em nome do défice e seguidamente em nome da dívida externa, gastam enquanto isso, cada vez mais milhões de euros com os contingentes militares que põe ao serviço das aventuras militares da Nato.


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