Redução das despesas sociais, aumento das verbas para meios repressivos

Pedro Goulart — 7 Novembro 2007

Mais repressão e guerra, mais desemprego, menos saúde e educação – é o que resulta da análise que fazemos ao Orçamento de Estado (OE) para 2008. Não pretendemos, neste breve comentário, fazer uma análise técnica exaustiva, mas tão só desmascarar alguns aspectos nunca realçados nos comentários mediáticos dos “especialistas” do sistema.
No âmbito do ministério da Administração Interna há um aumento de 70% (!) para despesas de investimento (novas pistolas, renovação da frota automóvel, etc.), além de outras despesas com a remuneração de 2.200 novos militares da GNR e agentes da PSP. Aqui procura-se, sobretudo, mais segurança para os patrões e políticos do regime e prepara-se mais repressão para os trabalhadores e os pobres.
Nas verbas para a Defesa Nacional verifica-se um acréscimo de 8,5%, em particular para a aquisição de bens e equipamentos. Trata-se de modernizar as Forças Armadas para que estas desempenhem convenientemente o seu papel no bloco agressivo da Nato, concretamente nos ataques a diversos países e povos a mando, sobretudo, do imperialismo norte-americano.
Na Justiça, o orçamento segue, compreensivelmente, a mesma lógica dos da Administração Interna e da Defesa Nacional, subindo 8%.
Em contrapartida, as verbas para o ministério do Trabalho e Segurança Social – que, na muito grave situação social portuguesa, devia combater decididamente o desemprego de centenas de milhares de trabalhadores, e resolver os graves problemas de outras centenas de milhares de precários – só crescem cerca de 4%. Isto para já não falar na responsabilidade deste ministério pelas reformas de miséria reservadas a grande parte dos trabalhadores portugueses.
A Saúde mantém-se com um crescimento abaixo da inflação esperada, o que se traduzirá, efectivamente, em menos profissionais de saúde, menos serviços de urgência, assistência médica mais precária e maiores gastos com medicamentos para os portugueses que não podem pagar os seguros privados.
Na Educação, o crescimento é nulo. A isto soma-se uma redução de 12% nas contribuições comunitárias para o sector. Não admira pois que estejam já encerradas 1.500 escolas, a que outras se seguirão. Aqui, como no sector da Saúde, o desemprego alastra e as alternativas aos encerramentos tardam a chegar, sendo que muitas vezes não virão resolver os complexos problemas existentes.


Comentários dos leitores

John 21/2/2008, 0:52

Nice work, guys!!!


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