Um novo jornal de luta, um exemplo a difundir

Apoiantes do MV fizeram-nos chegar o número zero de um novo jornal comunitário, de distribuição exclusivamente militante, que partiu da iniciativa de jovens músicos do hip-hop de diferentes núcleos da região de Lisboa. GUETO: Olhos Ouvidos & Vozes, impresso e difundido em fotocópias A3, revela o elevado nível de consciência , de lucidez e de determinação para a luta destes jovens dos bairros periféricos de imigrantes.

Diz o editorial: “Racismo, desemprego, falta de oportunidades ou violência policial fazem parte do quotidiano de milhares de jovens dos subúrbios de Lisboa. Connosco não é diferente. A nossa voz não é ouvida, os nossos problemas esquecidos e as nossas vivências caricaturadas ou estigmatizadas. Por isso, é urgente criarmos associações, colectivos informais e jornais que expressem as nossas ideias e opiniões para colocar na cena pública os nossos anseios e reivindicações”.

E prossegue: “Queremos ajudar a impulsionar a organização da juventude que o poder público insiste em deixar à margem, pois sabemos que só com luta e consciencialização poderemos melhorar de vida e conquistar direitos. Se não formos nós, JOVENS DO GUETO, a fazer isso não será mais ninguém.
É no gueto que estão os mais explorados, onde habitam os jovens mais segregados pelo sistema, e onde há mais falta de informação. Portanto, são os jovens dos bairros mais pobres que o nosso jornal quer ‘representar’, e dar o poder da palavra”.

E mais adiante: “Chega de ser apenas os média e as instituições políticas os produtores de informações, geralmente deturpadas, sobre o gueto. Os jovens dos guetos querem falar pela sua própria voz para exigir direitos e uma melhor qualidade de vida. Exigimos a nacionalidade para todos os que nasçam em território português! Legalização de todos os imigrantes! Defendemos o ensino da história africana nas escolas com grande número de afro-descendentes! Fim da violência policial! Igualdade de oportunidades!”

Nos outros artigos do GUETO, Nehanda, G.U.E.R.R.A., M.N.A.O., Husseini, Jackilson e Kreduz opinam e testemunham casos concretos de uma vida cheia de agressões policiais, discriminações raciais, xenofobia, difíceis condições de vida e, evidentemente, de sobre-exploração no trabalho. Todos eles põem o acento na necessidade de os jovens dos guetos se unirem e organizarem, de ganharem mais consciência das causas do seu mal-estar e das dificuldades das suas famílias, e também na necessidade indispensável da luta para fazerem prevalecer os seus direitos.

MUDAR DE VIDA saúda esta iniciativa e os seus promotores, e fará tudo para apoiar o GUETO: Olhos Ouvidos & Vozes e divulgar o seu exemplo.

(olhos-ouvidos-vozes.blogspot.com)