Militante do MST executado por milícia armada
Urbano de Campos (Segundo nota de impresa da Via Campesina) — 29 Outubro 2007
Uma milícia armada assassinou no dia 21, com dois tiros no peito, o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira, de 42 anos. Keno, como era conhecido, foi morto durante um ataque contra os camponeses acampados na área da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste. Mais cinco trabalhadores foram feridos.
Keno que era casado, e deixa dois filhos pequenos, fazia parte da coordenação estadual do MST e começou a sua militância no movimento, em 1990, na região Oeste do Paraná. Em 1994, mudou-se para Brasília, aí ajudando a organizar o MST. Em 2001, voltou para região Oeste, onde continuou a militância em vários locais.
O campo de experimental da Syngenta foi ocupado por camponeses em Março de 2006 para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgénicas de soja e milho. A ocupação tornou os crimes da transnacional conhecidos em todo o mundo. Após 16 meses de resistência, em Julho deste ano, as 70 famílias desocuparam a área, deslocando-se para um assentamento próximo.
A área voltou a ser ocupada no dia 21 de Outubro, por cerca 150 agricultores. Um dos quatro seguranças feriu a tiro um dos trabalhadores que então desarmaram os seguranças (da empresa NF Segurança) e apreenderam as armas para serem entregues à polícia.
Horas mais tarde, chegou ao local uma milícia armada com cerca de 40 pistoleiros fortemente armados que metralharam as pessoas que se encontravam no acampamento. Executaram o militante Keno, balearam outros cinco agricultores e espancaram uma mulher que foi hospitalizada em estado grave.
A Syngenta utiliza os serviços de uma milícia armada, que actua através da empresa de fachada NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), ligado ao agronegócio.
A Via Campesina exige a punição dos responsáveis pelos crimes – principalmente os mandantes –, a desarticulação da milícia armada na região e o fecho imediato da empresa de segurança NF. Os camponeses prosseguem a luta para que a área de experiências ilegais de transgênicos da Syngenta seja transformada em Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e a Reforma Agrária.