Che Guevara

Pedro Goulart — 28 Outubro 2007

O Che é, para nós, um poderoso exemplo de abnegação e de coragem no combate anti-imperialista. Recordamo-lo, quarenta anos após o seu assassinato na Bolívia, não para servir as modas nem para o enquadrarmos no sistema, como já várias vezes tem sido tentado por reformismos vários. O combate do guerrilheiro heróico surge-nos, antes, como um forte incentivo à luta anti-imperialista dos nossos dias, assim como às necessárias batalhas contra a ordem capitalista vigente.
Com Fidel Castro fez parte do grupo revolucionário de exilados cubanos que, em fins de 1956, desembarcou em Cuba. Formou e dirigiu então o grupo guerrilheiro da Sierra Maestra. Dois anos depois, a parte do grupo inicial que não fora dizimada no desembarque transformou-se no exército popular de libertação, que havia de levar ao levantamento popular, à derrota do ditador Baptista e à vitória da Revolução Cubana, em 1959. Esta revolução foi um enorme passo em frente na luta de várias gerações cubanas pela soberania nacional, pela independência económica e política. E representou também, a ruptura com o fatalismo geográfico, que parecia impor a dependência dos povos da América Latina em relação ao todo-poderoso vizinho do norte – os EUA. Surgia, assim, a esperança de uma nova era para os povos da região.
Após a revolução cubana, o Che rapidamente se apercebeu de que as coisas não corriam bem nos países ditos comunistas e o seu marxismo sofreu, então, uma grande evolução crítica em relação ao modelo reformista estalinista existente na URSS e defendido por vários partidos comunistas a nível mundial. Assim, em 1966, criticando a “revolução democrática nacional e anti-feudal”, é significativa a sua mensagem à Tricontinental: “Não há outra mudança a fazer: ou revolução socialista ou caricatura de revolução”.
Actualmente, comentadores de extrema-direita e jornalistas mercenários têm procurado denegrir o papel desempenhado por este herói da Revolução Cubana. Tal acontece particularmente na Europa e nos EUA, como parte da onda de reaccionarismo que hoje assola estes países. Mas há quem resista a esta ofensiva: recentemente 230 jornalistas do jornal espanhol El País revoltaram-se contra um editorial do jornal sobre este tema.
Quanto a nós, o Che permanece actual no essencial da sua mensagem e da sua luta.


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