Onda de repressão na “democrática” Nova Zelândia

José Mário Branco (com JB, Mídia Independente) — 19 Outubro 2007

novazelandia.jpgCom base numa lei “anti-terrorista”, uma grande operação da polícia neo-zelandesa prendeu 17 activistas em vários pontos do país, no passado dia 15. A acção envolveu mais de 300 agentes. Foram invadidas casas e centros sociais com mandatos de busca e de apreensão. A polícia ainda deteve cerca de 60 pessoas para interrogatório. Todos os activistas presos pertencem a movimentos locais, como o Tino Rangatiratanga (movimento da etnia maori) e grupos pacifistas e ambientais.
Os activistas enfrentam acusações diversas, como o porte de armas, participação em grupos “terroristas” e até a “organização de um campo de treino de guerrilha”. A todos eles foi recusada a fiança e ficaram presos. Os médias dominantes dizem que a operação policial foi resultado de “meses de trabalho” da unidade anti-terrorista que estaria na posse de “centenas de horas de gravações de conversas com escuta, vigilância de vídeo, telemóveis interceptados e textos”.
Perante esta ofensiva, está a desenvolver-se em pelo menos três cidados do país, um movimento de solidariedade e contra a repressão. Foram marcadas reuniões e um evento de solidariedade com os presos vai realizar-se em Melbourne, na vizinha Austrália. (Ver mais informação, em inglês, em www.indymedia.org.nz).

Em Junho deste ano, decorreu na Alemanha uma operação semelhante, utilizando a lei anti-terrorismo para reprimir o movimento anti-capitalista nas vésperas da cimeira do G8. Agora, é o caso desse país que tanta vez nos apresentam como um modelo das liberdades democráticas, a Nova Zelândia.
O argumento “anti-terrorista” está a servir, nos Estados ditos democráticos, para – a pouco e pouco – criminalizar as actividades militantes que contestam os governos e o sistema capitalista. Vigilâncias ilegais, repressão de manifestações, assaltos a sedes de partidos e sindicatos. Veja-se, entre nós, o recente caso da Covilhã; e também o que nos preparam os recentes acordos policiais e judiciais entre a Espanha e Portugal.


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