Para mudar de vida, começar por correr com Sócrates

15 Agosto 2007

cgtpprotestogeral.jpgA grande manifestação nacional da CGTP no dia 2 de Março confirmou que os trabalhadores começam a estar fartos das mentiras e dos roubos deste governo. O ano novo abriu com aumentos dos transportes públicos, electricidade, água, pão, gasolina, rendas de casa, medicamentos, portagens, taxas moderadoras, agravamento do IRS e das taxas de juro. Cresce incessantemente o desemprego, congelam-se os salários, baixa o valor das pensões, enquanto os lucros batem todos os recordes e a farra dos ricos não pára.

Sócrates prepara novas “reformas” em benefício dos capitalistas. Quer adoptar a lei da “flexi-segurança”, para tornar os despedimentos mais fáceis e a disciplina do trabalho mais apertada. Quer despedir uma parte dos funcionários públicos e passar os restantes a tarefeiros, para com as verbas assim disponíveis oferecer mais favores e incentivos às empresas. Quer continuar a desmantelar os serviços de Saúde, da Segurança Social e da Educação, entregando-os à exploração do capital privado, como vulgares mercadorias. Quer reforçar a vigilância e as polícias para blindar o poder dos ricos contra os pobres.

Sócrates e o seu partido chamam “modernização” à oferta de bónus aos capitalistas. Chamam “fim dos privilégios” à destruição das conquistas conseguidas pelos trabalhadores no 25 de Abril. Chamam “justiça social” às esmolas às famílias mergulhadas na miséria. Chamam “realismo” à subserviência perante os governantes terroristas dos Estados Unidos e os magnates da União Europeia. Em nome da “solidariedade” enviam destacamentos de tropas para os países ocupados. Apesar do seu rótulo “socialista”, este é um governo do capital, em guerra aberta ao mundo do trabalho. Só há uma resposta à altura – o povo tem que declarar guerra aberta ao governo.

Não é isso que temos visto da parte do PCP e do BE. Condenam o governo, mas deixam sempre uma porta aberta a uma “mudança de política” que nunca chega. Se estão à espera que as “forças sãs” do PS moderem a política agressiva de Sócrates é tempo perdido – o PS está disposto a tudo para merecer a preferência das multinacionais e do imperialismo. Se receiam que a queda prematura do governo abra as portas ao regresso do PSD também não têm razão – um forte movimento popular de protesto será o melhor remédio para deitar abaixo o governo PS e impedir o regresso ao poder do PSD-CDS.

Anuncia a CGTP nova jornada de luta para 30 de Maio e novas mobilizações massivas para Julho e Outubro. Lá estaremos. Mas o movimento popular não ganhará capacidade ofensiva se continuar limitado a manifestações periódicas de protesto. É preciso passar à resposta directa, taco-a-taco, a cada ataque do governo e do patronato. “Não consentimos!” Foi o que fizeram nas últimas semanas os operários e operárias da Pereira da Costa, os populares de várias terras contra o encerramento dos seus hospitais, maternidades e centros de saúde, os utentes de transportes públicos que cortaram ruas e estradas em protesto contra a supressão de carreiras. Que a iniciativa saia do parlamento para as ruas e uma nova política será possível.

Neste 33º aniversário do levantamento popular que selou o fim do fascismo, afirmamos: mudar de vida está nas nossas mãos. Um forte movimento de massas contra a ofensiva do capital poderá impor um novo rumo à política nacional, fazer surgir novas correntes políticas, romper o actual quadro partidário. Como activistas que somos do movimento social nas mais diversas frentes, apelamos à concentração de todos os esforços na organização de lutas de resistência às leis infames deste governo, com uma palavra de ordem central: Sócrates para a rua! Basta de governos dos ricos!


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar