Arquivo: Outubro 2018

Caso de polícia convertido em caso político

Pedro Goulart — 30 Outubro 2018

Em Junho de 2017 é surripiado, sem oposição, abundante material de guerra dos Paióis de Tancos. Os militares portugueses, “heróis” em missões internacionais, parecem revelar-se negligentes cá dentro. Isto acontece, apesar dos gastos crescentes com as Forças Armadas: entre 2017 e 2018 os gastos aumentaram 330 milhões de euros e, para 2024, estão previstos gastos anuais de 4 mil milhões.


Os fãs do fascista Bolsonaro

23 Outubro 2018

Também estão entre nós e assumem-se. E não são apenas alguns seguidores da IURD. Estão no Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia, que não gostou que o ministro da Administração Interna tivesse ordenado um inquérito às circunstâncias da fuga de três arguidos do Tribunal de Instrução Criminal do Porto (suspeitos de roubos a idosos) e à divulgação das fotografias dos mesmos após as detenções em Gondomar. Em resposta, o Sindicato fez uma montagem vergonhosa e mentirosa no Facebook, associando Eduardo Cabrita à não preocupação com o espancamento de idosos, dando como exemplo as fotografias de dois idosos espancados em Londres e no Brasil. Também se encontram


Os democratas sensatos perante o fascismo

Manuel Raposo —

Quando começou o processo de destituição de Dilma Russeff da presidência do Brasil, e mesmo quando ele se consumou, a direita portuguesa e os democratas-respeitadores-das-instituições disseram que não se tratava de golpe nenhum, mas apenas do normal funcionamento da ordem democrática. Quando se denunciou a mão invisível dos EUA a querer virar o rumo da América Latina, os mesmos disseram que isso era mais uma miragem da esquerda anti-imperialista.


Um sinal de putrefacção

António Louçã — 21 Outubro 2018

O comunicado saudita sobre o destino do jornalista Jamal Khashoggi admite que ele foi morto, porque era algo que toda a gente estava farta de saber. Mas não admite muita coisa que toda a gente já sabe. Com isso, cobre de ridículo os seus signatários sauditas e os seus co-autores ianques. Que outros políticos ocidentais irão deixar-se ridicularizar por proclamarem a sua própria credulidade perante este documento, é algo que ainda está para ser visto. E é algo que nos dará uma interessante unidade de medida para avaliar até que ponto apodreceu a democracia imperialista.


Um prémio à resistência

20 Outubro 2018


O 25.º Prémio Bayeux-Calvados dos correspondentes de guerra (em foto) foi atribuído ao fotógrafo palestino Mahmud Hams (AFP). Já premiado em 2007 em Bayeux (prémio de foto e prémio do público), Mahmud Hams, de 38 anos, viu de novo ser-lhe atribuído o prémio para “Confrontos na fronteira de Gaza”, uma foto realizada numa zona “de acesso muito difícil e muito perigosa”, que faz parte desses “lugares a cobrir sem sítio para se proteger”, sublinhou Thomas Coex, chefe da cobertura fotográfica de Israel e dos territórios palestinos da AFP.


Assassínio de Khashoggi: sinal dos tempos

António Louçã — 15 Outubro 2018

Jamal Khashoggi, um jornalista saudita exilado nos EUA, foi no final de Setembro ao Consulado do seu país em Istambul, para requerer uma certidão de divórcio de que necessitava para voltar a casar-se. Disseram-lhe que lá voltasse na terça-feira, 2 de outubro. Voltou e deixou a noiva à porta, com instruções para alertar as autoridades turcas se notasse algo suspeito. Foi filmado a entrar, mas ninguém mais o viu sair.


O produto da colaboração com o capital

Manuel Raposo — 10 Outubro 2018

Fernando Haddad, candidato do PT à presidência do Brasil, afirmou que a burguesia brasileira abandonou a social-democracia e apoia o fascismo. Sem dúvida. Mas interessaria também saber porque é que largas massas da população trabalhadora brasileira viraram costas à política social-democrata levada a cabo pelo PT nos anos em que esteve no poder. O fenómeno, de resto, é praticamente mundial, o que pode permitir tirar do caso brasileiro lições mais gerais.


O nervo da questão

1 Outubro 2018

Em debate com o governo, a 26 de Setembro, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, defendendo o aumento do salário mínimo, afirmou que “Os baixos salários continuam a ser uma das principais causas de pobreza”. É uma forma nebulosa de pôr a questão. Os baixos salários são apenas o espelho da pobreza; são uma outra forma de dizer que os trabalhadores são pobres. A causa da pobreza é outra: é a exploração do trabalho pelo capital. Esta diferença tem consequências políticas. Se os baixos salários forem tidos como causa da pobreza, então basta lutar (interminavelmente) para que eles subam, basta a acção sindical-reivindicativa — que, na melhor das hipóteses, conseguirá apenas reduzir temporariamente o grau de exploração e atenuar a pobreza. Se, pelo contrário, os baixos salários