A Catalunha e o cárcere europeu

Pedro Goulart — 17 Abril 2018

Nos últimos dias, vimos nos média que as procuradorias espanhola e alemã estão a colaborar estreitamente na negociação de uma eventual extradição de Carles Puigdemont para Espanha. Recordamos que Puigdemont foi detido pela polícia alemã, em colaboração com a polícia espanhola, quando o dirigente político independentista catalão regressava à Bélgica, vindo da Dinamarca.

Ao governo e à procuradoria espanhola, que acusaram Puigdemont do crime de rebelião, não agradou nada a decisão do tribunal alemão que levou à sua libertação, por este tribunal não ter considerado existir a violência necessária ao acto de rebelião no processo de independência catalã.
O objectivo último da negociação das procuradorias destes dois países é conseguir uma rectificação da decisão do tribunal alemão, levando posteriormente à extradição de Carles Puigdemont.

Simultaneamente, em Espanha, prossegue forte a repressão política e social. No que diz respeito à Catalunha, já estão presos quase todos os independentistas com responsabilidades na declaração de independência no parlamento catalão. O governo espanhol, a sua procuradoria, o juiz Llarena e o Tribunal Constitucional têm revelado, na coordenação, nas acusações e na acção uma grande “eficiência”. Coisa que não acontece na resolução dos problemas fundamentais que afectam os diversos povos do Estado espanhol.

E, na “democrática” Europa, muitos dos cínicos governantes que apoiam ou intervêm nas criminosas intervenções armadas noutros países (v.g. Síria), para não condenarem a repressão na Catalunha , dizem respeitar as leis do estado Espanhol (“um estado soberano”) ou afirmam que este é um estado “amigo”. Em Portugal, o presidente da República e o governo afinam pelo mesmo diapasão.

Mais. Na continuação da perseguição política que se vive no país vizinho, destacamos a recente detenção da alegada coordenadora dos Comités da Defesa da República (CDR) acusada pelo Ministério Público de rebelião e terrorismo. Os CDR são grupos de cidadãos que surgiram em 2017 com o objectivo de facilitar o referendo de independência da Catalunha e que foram reactivados ultimamente, depois da detenção dos dirigentes independentistas, estando particularmente activos nas iniciativas populares do corte de trânsito em estradas e nas vias rápidas da Catalunha.

Entretanto, no dia 15 de Abril, em Barcelona, centenas de milhares de catalães — um mar de gente — manifestaram-se pela libertação dos presos políticos independentistas. Aqui, a luta contra a repressão e pela liberdade continua.


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar